MATCH POINT

                          
                          WOODY ALLEN





                          FICHA TÉCNICA




Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Produção: Letty Aronson, Lucy Darwin e Gareth Wiley
Fotografia: Remi Adefarasin
Desenho de Produção: Jim Clay
Figurino: Jill Taylor
Edição: Alisa Lepselter
Efeitos Especiais: Effects Associates Ltd. / The Moving Picture Company
Ano de Lançamento (Inglaterra / EUA / Luxemburgo): 2005





                               ELENCO



Jonathan Rhys-Meyers (Chris Wilton)
Scarlett Johansson (Nola Rice)
Alexander Armstrong (Sr. Townsend)
Matthew Goode (Tom Hewett)
Brian Cox (Alec Hewett)
Penelope Wilton (Eleanor Hewett)
Simon Kunz (Rod Carver)
Geoffrey Streatfield (Alan Sinclair)
John Fortune (John)
Rupert Perry-Jones (Henry)
Miranda Raison (Heather)
Rose Keegan (Carol)
Zoe Telford (Samantha)
James Nesbitt (Detetive Banner)
Emily Mortimer (Chloe Hewett Wilton)
Paul Kaye (Agente do estado)
Mark Gatiss (Jogador de ping pong)

                          


                             SINOPSE


O instrutor de tênis Chris (Jonathan Rhys-Meyers, de Alexandre e Missão: Impossível III) é uma espécie de alpinista social que, em seu casamento com a milionária Chloe (Emily Mortimer, de Querido Frankie), encontra o desejado conforto e prestígio na sociedade. Mas é a paixão que fala mais alto e o atrai na sensual Nola (Scarlett Johansson, de A Ilha), justamente a namorada de seu amigo e cunhado Tom. Um thriller intenso e cheio de suspense sobre ambição, a sedução da riqueza, sexo, crime - e o mais importante: o enorme papel que a sorte tem em nossas vidas. 







AVISO: Se nunca assistiu Match Point, saiba que a interpretação a seguir fala de todos os elementos de seu enredo. Portanto, se prosseguir a leitura entrará em contato com os desdobramentos da trama. Esta análise se destina a quem assistiu o filme ou não se importa em saber detalhes sobre ele.





                                  INTERPRETAÇÃO




O foco central desta obra, genialmente arquitetada por Woody Allen, gira em torno de um tema pesado e árido e nos confronta com o que podemos ter de "pior" em nossa natureza.

A realidade nua e crua dos afetos e impulsos dentro de uma perspectiva inquietante: a "sorte". Se a pessoa transgredir e der "sorte" não será punida, ao menos pela sociedade e permanecerá livre para prosseguir, como se o que tivesse acontecido pudesse ser justificado por razões meramente egoístas: um "bem maior" que, na verdade, é apenas o próprio bem do personagem central que joga a culpa para debaixo do tapete, fora do alcance da visão dos outros.

Quem assistiu "Um lugar ao Sol", dirigido por George Stevens, verá muitos pontos de convergência com Match Point: o desejo de ascensão social, o primeiro encontro paralelo, a paixão que se mistura aos interesses, uma gravidez indesejada e finalmente, um crime. Mas neste caso, a linha que separa um filme do outro, ou melhor, a "bola de tênis", cai na quadra do protagonista. E ele perde. Uma saída moralista que "tranquiliza" o espectador com a idéia de que a justiça prevalece sobre nossos atos.

Woody Allen não nos tranquiliza. E ainda inclui outro "jogador" que nem ao menos tem consciência de que entrou no jogo, mas estava no lugar certo e na hora certa, do ponto de vista do protagonista, que usa a nova peça do jogo como uma ponte para chegar ao seu objetivo, enquanto, na visão dos investigadores, a história, a um passo de ser desvendada, por uma obra do acaso, é outra. O que inverte a perspectiva: no lugar errado, na hora errada.

E assim, vemos a bolinha cair, desta vez, do outro lado. E talvez por isso, a sensação incômoda de que muito do que acontece conosco é fruto do mero acaso. O mérito ou a punição, muitas vezes, decorrem desta possibilidade casual ao invés de serem "controlados" por regras claras.


Muitos comparam "Crimes e Pecados" e "Match Point". Não desejo contrapor a densidade de Crimes e Pecados à aridez de Match Point para valorizar mais (ou menos) uma obra ou outra.


Do meu ponto de vista, enquanto em "Crimes e Pecados" o leque de complexidade se abre, em "Match Point", se centra em uma questão-chave: o eixo do acaso construindo (e desconstruindo) os desdobramentos de um crime motivado basicamente pela ascensão social a qualquer preço.


O personagem central nutre apenas um sentimento de compaixão: em relação a si mesmo. E isto é de uma crueza de personalidade que se forma banhada em interesses egocêntricos e egoístas. O mundo gira em torno do umbigo desse homem que decide interromper vidas para poupar a sua de qualquer dissabor que o desvie de seu propósito, ou seja, pertencer a um grupo privilegiado e estar entre aqueles que o personagem considera seu projeto de vida: enfim, ser um "deles".


Não me iludiria ao supor que o protagonista deseja poupar outras pessoas próximas e, com isso, justificar seus atos em nome de um "bem maior". Ele é frio o suficiente para dissimular sua intenção.


Acho que seria interessante comentar aqui uma breve passagem relatada pelo biógrafo de Allen, Eric Lax, que me passa a impressão de que não estou distanciada do próprio criador de Match Point ao elegê-lo como seu melhor filme.


Um diretor que não costuma exibir qualquer manifestação de entusiasmo depois de uma obra concluída, no lançamento de "Match Point", permanecia contente com o resultado dele e relata ao jornalista que o entrevista há mais três décadas, não saber se um dia conseguiria fazer um filme tão bom quanto aquele.



O ponto do jogo nos mostra com uma maturidade ímpar, o outro lado de Allen.





(*) IMAGEM: GOOGLE


http://www.dolcevita.prosaeverso.net
Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 15/09/2009
Reeditado em 19/08/2010
Código do texto: T1812289
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