Stella

Stella marca o primeiro longa-metragem da diretora francesa Sylvie Verheyde, trabalho este que não deve passar despercebido. A temática toca em um aspecto já bem utilizado pelo cinema latino-americano: crianças que são forçadas a lidarem com problemas da vida adulta cedo demais, e de pais que ainda não adquiriram a maturidade necessária para cuidar de seus filhos.

O filme se passa na França da década de 70. Stella (Léora Bárbara) é uma garotinha de onze anos que vive com seus pais em um bar da periferia parisiense. Admitida em um tradicional colégio de Paris, ela logo percebe o quão sua vida é diferente das outras crianças.

É na escola que Stella passa vislumbrar um novo mundo, ora deslumbrante, ora sufocante. Em casa, ela tem que lidar com as constantes discussões de seus pais, a infidelidade de sua mãe e as farras rotineiras no bar que não a deixam dormir a noite. Todas essas implicações e sua origem humilde acabam por comprometer o seu rendimento na escola, gerando boas doses de preconceito de professores e colegas. Ao conhecer por acaso Geneviève (Laëtitia Guerard), surge diante dela novas descobertas e experiências que vão proporcionar uma forma diferente de ver a vida.

As narrações em off são um dos pontes fortes do filme, por vezes intensas, noutras fazendo uso do sarcasmo, delineam a narrativa de forma competente. A câmera consegue captar as nunces e detalhes que geralmente são percebidos por uma criança de onze anos. Stella prende os espectadores pela sensibilidade e pelo roteiro bem amarrado, sobretudo na primeira metade. A atuação de Léora Bárbara é surpreendente e muito competente, uma bela revelação.

Do meio para o final do filme, o comportamento Stella passa a se reduzir apenas a sentimentos inerentes à puberdade, o que enfranque o discurso de Verheyde, mas não tira o brilho e beleza do seu belo trabalho. A fotografia amarelada e a deliciosa trilha sonora complementam e dão a narrativa um belo tom de inocência e nostalgia a trama.

Stella emociona sem ser piegas e faz sorrir sem se apropriar do humor gratuito e sem propósito. Uma história simples e sensível muito bem contada. Mais uma belíssima produção do cinema francês contemporâneo que deve agradar em cheio o público, inclusive os mais exigentes.

Nota: 8,0

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