“Che” (Che: Part One )
“Che” (Che: Part One )
Palavra que eu não sabia que Ernesto Guevara era argentino. E que a interjeição Che foi uma forma de tratamento (carinhosa) dada pelos cubanos. O que me chamou a atenção foi outra coisa que desconhecia: o filme tem na direção Steven Soderbergh , um cineasta que pelo menos até o presente não pode ser chamado de leviano.
No verso da caixinha está escrito “Filme do ano”. Tantas vezes eles colocam isso que restam duas questões: trata-se de um carimbo? Ou, de que ano eles estão falando?
O The New York Times tece elogios e elogios à performance de Benicio Del Toro. Evidentemente, ele é o Che.
O nosso Rodrigo Santoro e a deles Julia Ormond coadjuvam. Num filme com essa inclinação todo mundo, exceto Del Toro, coadjuva.
Quem não tem, li-te-ral-men-te o que fazer, aponta como erro de filmagem o fato das cenas que exemplificam Sierra Maestra não conseguirem mascarar, no fundo, o cântico do Eleutherodactylus coqui , ou simplesmente coqui, um sapo, nativo exclusivo de Porto Rico e das Ilhas Virgens. Haja observação.
Aula de história do começo ao fim. Minha paciência sempre foi nula com Revolução Cubana e afins até o dia de inventarem o inverno mais pluviométrico dos últimos 66 anos registrado em São Paulo. O roteiro de Peter Buchman ajuda a digerir passo a passo, desde o primeiro encontro com Fidel, no México, aos infindáveis vai e vem nos “sertões” cubanos, tudo entrecortado com a visita, depoimento e entrevistas do médico argentino nas Nações Unidas, em 1964. Essa cenas são em pxb e remetem a um jeito “JFK”, (o filme), de ser. Mas não depõem contra o trabalho de Soderbergh. Pelo contrário. Fazem o contraponto necessário face a atmosfera medieval que reinava na Cuba de Fulgêncio Batista.
Para encerrar a toada da história, esse personagem que esteve em tudo quanto é pôster de diretório acadêmico nos anos 70 e 80, na visão do cineasta é bem menos monstro do que médico.
Quem entende do assunto pode tirar as próprias conclusões.
Para o marinheiro de primeira viagem o trabalho acrescenta.
Ou, como bem frisou um gringo, o filme é uma gratificante experiência informativa.