A Cura
Segunda-feira, 20 de Julho de 2009 – Dia do amigo.
Eu precisava registrar esse dia de uma forma especial, porque creio que hoje eu senti um daqueles sentimentos que todos nós, ao menos uma vez na vida, precisamos sentir.
Eu não sei como, nem por quê. De uma forma inesperada e singela, um simples filme mexeu muito com a minha cabeça.
Eu estou falando de “A Cura”, de Peter Horton.
Na verdade, eu vou apenas falar da minha relação com o filme. Não é de fato uma crítica, ou uma resenha. É apenas uma declaração. É só o que eu sinto.
Faz muito tempo desde que eu pesquisei na Internet sobre alguns filmes clássicos da Sessão da Tarde. (Sim, sessão Nostalgia me encanta) E eu encontrei alguns resultados interessantes. Dentre vários e vários filmes, eu gravei “A Cura”, mas por muito tempo não tive muita vontade de assistir.
Disseram-me que “A Lista de Shindler” era bom. E concordei em assistir, porque adorei “O Pianista”. (?) No fim das contas os dois não têm nada a ver e definitivamente essa história de indicar filmes não existe!
Cada pessoa é diferente de outra. Assim como os filmes. Eles têm personalidades. E gosto é uma coisa que sempre nos surpreenderá.
Enfim, hoje eu assisti “O silêncio dos inocentes”, que há muito estava querendo ver. Assisti Lago da Morte. (infelizmente) E, com tempo de sobra, resolvi assistir por último “A Cura”.
O início do filme correu bem leve. Bem sessão da tarde mesmo. Mas o que eu não percebi é que nessa brincadeira eu fui me envolvendo com a história. Eu fui me envolvendo com os personagens e esse vínculo afetivo foi a forma que o filme usou pra me segurar, antes de derramar toda sua emoção final.
Creio que muitos já conhecem o filme. A história de um menino que tem o vírus da Aids. Solitário e afastado da sociedade, ele encontra em Eric um amigo que lhe garante, em apenas um verão, toda a felicidade de uma vida. Essa amizade entre eles é forte, mas não é o suficiente para curar o vírus. Então, com a inocência de crianças, eles fogem em busca da cura da Aids, induzidos por um filme de ficção científica, onde um cientista achava a cura na folha de uma planta. Daí, não preciso nem dizer que eles se encrencam bastante nessa aventura. E por um momento nos esquecemos da história triste acerca de Dexter (o menino doente).
Por acaso, esse filme é o mais apropriado para um dia do amigo. Foi o melhor presente que eu pude receber hoje.
Uma das cenas que mais me comoveu foi o momento em que Dexter, acorda suado e desabafa seu medo de acordar no infinito do universo. Eric deixa seu sapato com ele, para que quando ele acorde, possa ter certeza de que o amigo ainda está ali.
Outro momento emocionante é no final, quando Eric se desculpa com a mãe de Dexter por não ter encontrado a cura. E ela lhe diz que ele foi a cura para toda solidão, preconceito e tristeza que Dexter vivia antes de conhecê-lo. Quando Eric sai com apenas um pé de tênis calçado, aí eu confesso que chorei. Algo muito raro quando vejo filmes.
O filme me fez repensar minha forma de ver a vida. Me fez mudar meus conceitos sobre tristeza. E eu gostaria de parabenizar a todos que realizaram essa produção. Um por um. Merecem aplausos. Como queria eu voltar no tempo e ter assistido isso no cinema. Mas naquela idade, com 6 anos, não sei se eu teria sentido tanto quanto sinto hoje.
Depois do filme, me interessei mais sobre assuntos relacionados à Aids e câncer. Busquei saber sobre prováveis curas. E outras histórias da vida real.
Fiquei desacreditado ao descobrir que o ator Brad Renfro, que fez o Eric, morreu de overdose aos 25 anos de idade.
Depois de tudo isso, fiquei a sós com minha consciência. Cada vez mais forte o meu existencialismo. Uma prece desesperada para descobrir o por que de estarmos aqui.
Acho que cada um nós tem uma cura. Uma cura para todos os vírus da humanidade. Seja contra a maldade, contra a ganância ou contra a fome. Nós todos precisamos encontrar a nossa cura. E com um empurrãozinho de “The Cure”, minha cura já está a meio caminho andado. E eu não sou médico, nem quero ser doutor. Mas espero algum dia poder curar milhões também.