Harry Potter e o enigma do príncipe
A impressão de que se está em uma montanha russa, é uma das primeiras sensações que o espectador sente ao assitir HARRY POTTER E O ENIGMA DO PRÍNCIPE (Harry Potter and the half-blood prince, Eua/Inglaterra, 2009). A cena em questão, é um belo plano sequência que mostra o ataque dos “comensais da morte” a Londres, e sintetiza o avanço do poder de “você-sabe-quem”.
Dirigido pelo pelo britânico David Yates (de A ordem da fênix), esse filme é a adaptação do sexto volume da série de livros da escritora J.K. Rowling. Nesse episódio, tanto o mundo dos bruxos quanto o mundo dos trouxas, se vê ameaçado por Lord Voldemort e seus seguidores. Hogwarts deixa de ser um lugar seguro, e Dumbledore passa a instruir Harry em sua jornada final.
Desde os primeiros minutos, é possível notar que este filme é diferente dos seus antecessores. Baseado no livro que é o mais maçante e pesado da série, o filme consegue passar para as telas esse espírito, mas sem chatear a quem assiste.
O filme é fechado, e o clima ensolarado de outros filmes inexiste nesse. Isso em parte deve-se a bela fotografia empregada, que causa certa angústia e desconforto, e ressalta o momento lúgubre pelo qual passa a série. Afinal, esse é o início do fim.
O clima pesado é quebrado principalmente pelos conflitos bem-humorados dos estudantes em Hogwarts (o romance não estraga o filme, e deixa claro que ali não há mais crianças). O enigma do príncipe consegue equilibar de forma bastante competente tensão e “stress”; momentos como o de Harry e Dumbledore na casa de Horácio Slughorn criam tensão, mas no instante seguinte já estamos rindo, e isso sem dúvida alivia o peso das costas de quem assiste.
A direção de David Yates é muito boa. Em alguns momentos (como a cena do ataque à Toca), a utilização de quadros mais fechados e câmeras tremidas, passam uma sensação de que se está na pele do personagem. Nessa cena do ataque a casa dos Weasley, enquanto Harry corre em meio ao mato alto, a câmera passeia, confusa; é como se vissemos pelos olhos dele, enquanto ele tenta encontrar o perigo cada vez mais próximo.
Os figurino e a direção de arte estão impecáveis. Os cenários são incríveis. Os efeitos especiais são os melhores até aqui ( destaque para o quadribol).
As atuações também estão ótimas. Michael Gambon como Alvo Dumbledore demonstra toda a sua técnica como ator, e dá imponência e seriedade ao diretor de Hogwarts. Helena Bonhan Carter está ainda mais louca como a desiquilibrada Bellatrix Lestrange. No núcleo estudantil, gostaria de destacar a atuação de Evanna Lynch, que interpreta Luna Lovegood; a atriz consegue passar toda a excenticidade de sua personagem, que é uma das mais interessantes da série.
O grande destaque das atuações ficam com dois atores: um jovem e outro já experiente. Jim Broadbent, na pele do professor de poções Horácio Slughorn é extremamente convincente e realista em sua atuação, e cativa o espectador. Já Hero Fiennes-Tiffin, na pele de Tom Riddle aos onze anos causa arrepios na espinha; seu olhar penetrante é ameaçador.
O ponto fraco do filme é sem dúvida o clímax, que acaba sendo apressado e o momento que deveria ser o mais dramático não só do filme como da série, acaba perdendo um pouco do seu brilho.
O Enigma do príncipe é um filme que têm suas falhas, mas supera seus antecessores. Quem não leu o livro pode ficar com algumas dúvidas em certos momentos, mas numa visão geral, isso acaba não fazendo muita diferença.
O filme não tem final, e nisso lembra “O senhor dos anéis”; é a primeira parte de uma “trilogia” que irá finalizar a série mais lucrativa da história do cinema.