A mulher invisível
No rastro das comédias nacionais de sucesso dos últimos tempos - Se eu fosse você 2 e Divã -, agora é a vez de A Mulher Invisível, em cartaz nos cinemas. O filme de Cláudio Torres demorou quatro anos para ser produzido, conta com a participação da irmã e atriz Fernanda Torres e tem nas estrelas globais Selton Mello, Luana Piovani, Maria Manoela e Vladimir Brichta seu núcleo dramático.
A trama é previsível, mas o texto com boas piadas diverte. Pedro ( Selton Mello), um romântico que acredita no casamento, é abandonado pela mulher ( Maria Luiza Mendonça). Ele entra em um período de depressão profunda e, no fundo do poço, recebe a visita de uma vizinha ( a clássica história da xícara de açúcar). Boazuda é o menor dos adjetivos para descrever Amanda ( Luana Piovani), que também cozinha, faxina, adora futebol, só anda semipelada, é compreensiva e está sempre disponível. Perfeito sonho de consumo chauvinista, não fosse o detalhe que Amanda não existe - ou por outra, só existe na imaginação de Pedro. É esta situação que as muitas piadas e tiradas do roteiro exploram.
A maior sacada do filme é a maneira como o diretor introduz o espectador na história, através do ponto de vista de Vitória, outra vizinha de Pedro, mal resolvida no casamento, que tem uma quedinha por ele e bisbilhota sua vida escutando através da parede que divide os dois apartamentos. O diretor aproveita de um ícone da alma humana - ver sem ser visto -, para nos seduzir logo no início da trama. São bons também os diálogos entre Pedro e Carlos, seu melhor amigo, descrente no amor de carteirinha, que exploram a velha necessidade masculina de contar tudo que estão fazendo com as mulheres. No contraponto, os diálogos entre as irmãs Vitória e Lúcia ( Fernanda Torres) também são muito divertidos.
O final decepciona, não pela inescapável previsibilidade, mas por ser confuso e longo demais. Não chega a comprometer o principal objetivo do filme, a diversão. E a gente sai da sala de cinema com a impressão de que o que mata o amor não é a realidade, mas a falta de imaginação.
E que quando a esmola é demais, é bom desconfiar: par ideal não existe.