REQUIEM PARA UM SONHO, REQUIEM FOR A DREAM (2000)

Com o roteiro de Darren Aronofsky, baseado no livro de Hubert Selby Jr., pela segunda vez tema de filme. A primeira vez teve o título de “Noites Violentas no Brooklin”.

Requiem for A Dream foi filmado no ano 2000, nos Estados Unidos. O gênero é drama. No elenco: Ellen Burstyn como Sara Goldfab; Jared Leto como Harry Golfarb; Jennifer Connelly como Marion Silver; Marlon Wayans como Tyrone C. Love; Cristopher MacDonald como Tappy Tibons; Louise Lasser como Ada; Keith David como Little John; Sean Gullete como Arnald. Marcia Jean Kurtz, Suzanne Shepherd, Janet Sarno e Joanne Gordon.

O filme recebeu indicação para o Oscar, na categoria de melhor atriz para Ellen Burstyn e também uma indicação ao Globo de Ouro pela interpretação da mesma atriz.

É o primeiro filme do diretor Darren e em 2006 a atriz fez “Fonte de Vida” com o mesmo diretor. Para fazer o papel de um rapaz viciado e sofrido, o ator Jared Leto teve que emagrecer doze quilos.

No filme “Requiem para um Sonho” são focadas quatro vidas. Pessoas que vivem no Brooklin em Nova Iorque. Embora sentimentalmente entrelaçadas, vivem a solidão e sua negra face. Mesmo que haja amor entre eles, é um amor inconfesso, sem chance de solidariedade. Cada qual perdido em seu mundo. O filme começa com uma mãe olhando pelo buraco da fechadura de seu quarto e vendo o filho Harry levar a sua televisão para negociar um empréstimo, buscando compra de droga para uso e revenda. Isso sabemos acontecer em nossos dias, infelizmente. Pessoas viciadas roubam primeiro às suas próprias casas, depois roubam tudo que se lhes aparece pela frente.

A mãe, Sara Goldfarb reclama, pede ao jovem para não fazer aquilo, só não tem maneiras ou condições de impedi-lo. O jovem chantageia, reclama e faz o que quer. Isso é uma constante em lares destruídos pela droga.

Continuando... Negociam, ele e seu amigo com a mesma pessoa, um velho que conhece bem o jovem e a mãe.. É um momento entre outras vezes que ele assim procede. A mãe que é viciada em assistir TV, posteriormente paga ao negociante a quantia que ele deu por ela, trazendo-a de volta. Ela sabe que o filho assim procede para comprar drogas. A televisão já está velha e estragada de tanto ser transladada em sua mesa de rodas de cá prá lá e de lá pra cá.

Harry assim procedendo desaparece por uns tempos. A mãe fica sozinha a ver televisão enquanto devora chocolates. Vive triste, não tem alguém para cuidar. Cansada da rotina que consiste em lavar um prato, duas panelas, limpar o fogão, lavar banheiro e ver televisão num tempo regado a chocolates.

Para sair da rotina, inscreveu-se em um programa de TV, onde pessoas, por sorteio, são convocadas, depois chamadas ao palco e recebidas com aplauso e a todos parecem encantar. Em sua solidão sonha ser um dia uma destas pessoas e fazer-se conhecer, deixar de ser apenas um pontinho de vida no Brooklin. Para sua surpresa, ela não conseguia acreditar, foi chamada. Disseram por telefone que ela aguardasse o correio que lhe levaria um formulário para preencher e depois, no tempo que a emissora decidisse, ela seria convocada.

Sara não cabia em si de contente. Juntou-se com suas amigas e vizinhas e preencheu o formulário. Foi à casa de outra amiga e pintou o cabelo a principio de uma cor laranja depois mudou para vermelho.

Queria um cabelo que combinasse com o vestido mais bonito e chique que possuía. Ela mesma disse ao filho que seu pai a olhava de um modo diferente quando ela o usava aquele vestido vermelho. Sentia-se linda nele. Ao experimentá-lo, no entanto, deu-se conta de que o vestido não mais lhe cabia. O zíper insistiu em não fechar. Foi o momento em que ela resolveu fazer regime. Conseguiu uma receita de dieta com uma amiga e comia só aquilo que não engordava. No entanto, sonhava acordada olhando a geladeira fechada e imaginando o que de bom ela continha. Esse é o drama de todos aqueles que querem emagrecer e põem na cabeça que tem de ser em tempo recorde.

Quase desistiu de comer com critério. Outra amiga falou-lhe sobre um médico que dava pílulas que substituíam a refeição e tirava por completo a vontade de comer. Foi consultá-lo. O médico nem bem a olhou e receito-lhe anfetaminas. Separou-as por cor e lhe disse que tomasse quatro de cada vez no decorrer do dia, substituindo as refeições. Há nos tempos atuais, médicos que assim procedem, sem a mínima consideração com a saúde alheia.

Cada vez mais ansiosa por receber o telefonema que a conduziria à fama, Sara nem percebia o mal que a droga estava lhe causando. Começou a ter alucinações diversas. Via-se na televisão. Falava do filho. Dizia orgulhar-se dele. Falava de sua solidão de antes e do que esperava da vida dali em diante.

Um dia o filho que estava ganhando muito dinheiro com a venda de drogas junto com o amigo e sua namorada Marion, resolveu dar de presente à mãe uma televisão nova como uma forma de pagar os prejuízos e tristezas que ele lhe causara. Falou com a mãe, mentiu-lhe que arranjara um trabalho honesto, pediu-lhe desculpas por todo o mal que lhe causara e disse que a amava, do seu jeito, mas a amava. O filho notou que a mãe estava muito diferente. Muito agitada, abraçava-o seguidamente e com muita força. Daí, ela contou-lhe sobre o programa de televisão e que já havia perdido treze quilos para conseguir vestir o seu traje de gala. Em pouco tempo, o rapaz notou a mãe rangendo os dentes com muito estardalhaço. Perguntou-lhe se ela estava tomando drogas para emagrecer. Ela garantiu-lhe que havia consultado um especialista e que tomava uns comprimidos que a faziam sentir-se bem e menos só. O rapaz tentou dizer-lhe que não os tomasse que ela se viciaria, ele muito bem sabia sobre o assunto.

Vendo que não conseguia convencer a mãe foi-se embora chorando. Quem era ele para ajudar alguém. Ele que já estava carecendo de ajuda.

O verão se foi. Nada de Sara ser chamada para o programa de televisão. Continuava a tomar os remédios e estava ficando cada vez tresloucada.

À época, a polícia fez um grande cerco ao tráfico de drogas, prendeu, trocou tiros com traficantes, muitos morreram. Com tamanha vigilância não havia drogas para comprar ou vender. Harry e seus amigos compravam a cocaína dita “pura” e misturavam outros ingredientes. Consumiam e vendiam. Mas tornou-se difícil consegui-la. O dinheiro acabado. Usaram o restante para pagar a fiança de um integrante do bando, tirando-o da cadeia.

A namorada do rapaz angustiada e, num processo de abstinência, quase louca acabou por procurar um homem que trocava drogas por sexo. Só que ele levava a vítima para exibir-se para uma turma de executivos que jogavam dinheiro sobre os pobres coitados que faziam sexo explícito. Enquanto isso, Harry e seu amigo foram para outro Estado Americano em busca da droga. Na viagem, o amigo notou que o braço de Harry estava gangrenando e ainda assim ele continuava a aplicar cocaína na veia. O caso piorava. Por fim, resolveram parar e procurar um hospital. Facilmente o médico percebeu que se tratava de um usuário de droga injetável. Ao invés de ajudá-lo, o médico chamou a polícia. Os dois amigos foram presos. Da cadeia, com uma voz sumida, o rapaz falou com a namorada por telefone. A namorada de Harry lhe pede que volte naquela mesma noite que ela estava muito mal. Ela se punia flagelava-se pelas coisas horríveis que tinha que fazer para conseguir sua quota de droga. Harry começou dizendo-lhe que não podia ir ao seu encontro, depois, com uma voz ainda mais sumida, deu-lhe e deu-se a ilusão de que voltaria. Que ela podia esperá-lo.

Enquanto isso, sua mãe, num ataque de loucura provocada pelas anfetaminas que ela passou a tomar mais desregradamente, vestiu o vestido vermelho e saiu pela rua, já era um rigoroso inverno americano quando Sara saiu correndo pelas ruas do Brooklin procurando onde ficava o estúdio da televisão. A imagem que ela mostrava era a de uma mulher completamente desvairada e muito envelhecida. As pessoas a olhavam amedrontadas. Quando chegou ao endereço que procurava, apresentou-se e disse que era a ganhadora do prêmio, a feliz sorteada do programa.

Sara tinha um aspecto doentio quando invadiu a estação de TV. A polícia foi acionada, ao invés de prendê-la, levaram-na para um hospital.

Quanto ao filho Harry, em outro centro de saúde, longe dali, o rapaz tinha o braço amputado, pois se tornara imprestável pela gangrena, simultaneamente, Sara tomava eletro-choque para recuperar a razão.

O rapaz chorava e chamava pela mãe e pela namorada. A enfermeira, condoída, disse-lhe que lhe desse o telefone que ela as chamaria. O rapaz respondeu-lhe chorando que nenhuma das duas poderia vir em seu socorro.

Sara, na sua loucura sorria, imaginando-se na televisão e naquela oportunidade apresentava a todos o seu filho amado. Na sua imaginação, abraçava-o e beijava-o em frente às câmeras àquele que tinha um bom emprego e era um ótimo filho...

O filme é um exemplo, até muito direto e forte, no entanto, reflete a realidade daqueles que se perdem no mundo das drogas. Os jovens são os mais afetados, mas até pessoas como Sara Goldfab, personagem do filme, uma mulher de meia-idade e centrada se transforma em alguém irreconhecível e desnorteada.

Não devemos buscar a felicidade a qualquer preço, melhor seria deixar que ela nos encontrasse e que não tenhamos que pagar por ela, muito menos com a nossa própria vida.