“Território Restrito” (Crossing Over)
“Território Restrito” (Crossing Over)
Talvez chegue o dia em que cada um de nós olhe para a realidade passada e diga: que grande tolice. Poderíamos ter sido felizes, poderíamos ter feito os outros felizes. Poderíamos no mínimo ter ajudado um pouco mais, e com isso um pouco mais de felicidade ganharia certa expansão.
Harrison Ford, Ray Liotta, Ashley Judd, Jim Sturgess, Cliff Curtis, Summer Bishil, Alice Braga e Alice Eve. Esses nomes você conhece.
Alice Braga é sobrinha da nossa Sonia e recentemente fez uma ponta brilhante no “Eu sou a lenda”.
Jim Sturgess protagonizou sem erro o ágil “Quebrando a Banca”.
Alice Eve estrelou uma produção menor do Tom Hanks, chamada “Garoto nota 10”.
Cliff Curtis e Summer Bishil você conhece, só não está associando os nomes aos rostos.
Os nomes abaixo são de atores e atrizes que também participam do espetáculo. As grafias representam porém outras culturas, outros mundos:
Justin Chon, Melody Khazae, Merik Tadros, Mahershalalhassbaz Ali, Chil Kong, Tim Chiou.
O que os une é a mesma bandeira. Os nomes de baixo querem se filiar a ela. Parte dos nomes de cima já nasceram sob seus auspícios, e a outra parte, devido ao biotipo, tem conseguido se esquivar do Departamento de Imigração.
Todas as cenas de pontuação do filme são tomadas áreas de pontes e viadutos de L.A. Uma referência ao título original. Um dos significados de CrossOver é “chave intermediária entre duas linhas paralelas”.
Outras chaves intermediárias fazem as alegorias das várias histórias que preenchem a maior história. São as diversidades buscando a grande colméia. E se nessa busca você tem um nome diferente e um lay-out diferente, pode estar enrascado.
“Território...” figura na lista como o filme número 3 do diretor, roteirista, produtor e editor Wayne Kramer . Em 2006 dirigiu “The Cooler”, com o Willian Macy.
Harrison Ford já não ostenta mais o vigor de um Blade Runner e chefia uma equipe de oficiais da imigração dando batidas em fábricas para descobrir os ilegais. Ele não se orgulha disso, quando pode age com comiseração e observa os eventos dando a impressão de que faria qualquer negócio para pendurar as chuteiras. O tempo passou na janela e ele ainda pode ajudar alguém. Vai ajudar o filho da Alice Braga.
Outra pontuação do filme suspira nas instalações do estado: Imigration and Custons Enforcement Detention Center, Eastridge Juvenile Facility, US Citizenship and Imigration Services. Etc. Num deles, a viçosa australiana Alice Eve tem o infortúnio de esbarrar com Ray Liotta. Ela pagará com serviços de cama sem mesa pela omissão dele. Ele, por seu turno, é casado com Ashley Judd, que advoga em prol dos imigrantes, quer muito um filho, nem que seja via adoção.
Todos os protagonistas, pois essa é justamente a postura da trama, irão se encontrar na “cerimônia sagrada” de recebimento do tão ansiado Green Card. Até lá, a luta dos que não tem vintém é mostrada por cada ponto de vista particular, seus conflitos e suas esperanças, algumas reflexões culturais, mas o que está em jogo não são as culturas multidisciplinares e sim o pão de cada dia.
Sob a mesma bandeira.