Marley e Eu
Adaptações de livros podem ser armadilhas. Primeiro porque sempre existirá a comparação “livro-filme”, e segundo porque um roteirista descompromissado acha que é só cortar o blábláblá do livro e pronto. Foi o que aconteceu com “O Caçador de Pipas”: o filme saiu morno, sem sal, o que decepciona, tendo em vista a comoção causada pelo livro. Uma adaptação para a tela grande deve contar a história e mostrar sua lição, não deve servir simplesmente como uma visualização material para os que leram (ou não) a obra. Nesse ponto, aplaudo em pé o roteirista de Marley e Eu, por equilibrar perfeitamente a comédia, o drama, e toda a lição de vida que cada situação representa. Quando ainda lia o livro, vi como seria fácil fazer um filme ruim. Passavam-se muitas fases da vida de John Grogan e sua família, o que seria um empecilho, já que não é muito comum uma comédia com três horas de duração. Precisava de um roteirista habilidoso e inteligente, que contasse tudo em menos de duas horas sem alterar a essência. Resultado: ao final do longa, com os créditos subindo, só me restou chorar. Não só narra com emoção a maravilhosa história real como também faz rir, refletir sobre a vida, e deixa uma vontade louca de comprar um labrador! Um dos grandes filmes do ano; mostra que tudo na vida tem seu propósito, que bicho também é gente (risos), e deixa uma marca no coração – o que é a morte se não o momento em que realmente percebemos o quanto amamos alguém?