A GUERRA DO FOGO (LA GUERRE DU FEU, 1981)

“A Guerra do Fogo” é um filme baseado em estudos empíricos que traz uma fase por que passaram os nossos ancestrais hominídeos há oitenta mil anos atrás. Nesta experiência cinematográfica, podemos notar que o mundo em que vivemos ainda trás vestígios do que fomos à época de nossa pré-história. Naquele tempo, de um mesmo tempo, podíamos ter tribos mais adiantadas no conhecimento. No mundo atual, apesar de todos os avanços tecnológicos que, diga-se de passagem, não estão ao alcance de todos, somos povos mais ou menos adiantados ou atrasados, de acordo com o nosso processo evolutivo e colonização. Numa mesma sociedade, dentro do contexto global há atrasos e avanços entre os nossos de uma mesma sociedade que se divide segundo as suas necessidades e normas paroquiais.

O conhecimento sempre foi uma questão de oportunidade, oportunidade quase sempre gerada pelo poder econômico, ou pela posição geográfica que ocupamos com o nosso viver no planeta terra.

No filme, os primeiros homens não se comunicam por fala, ainda não a haviam aperfeiçoado e usavam grunhidos e gestos para se fazerem entender. Ainda hoje, quando não se presta atenção aos costumes, dialeto, modo de vida dos diversos integrantes de nossa sociedade, fica impossível decifrar as necessidades e reivindicações particulares ou grupais.

Os dois grupos que aparecem no filme demonstram claramente a diferença evolutiva de cada um. Um grupo não podia ficar sem o fogo e vivia cuidando para que ele não se apagasse, noite e dia o fogo era guardado. O fogo era tudo que precisavam para não morrer de frio na era glacial. A outra tribo não lutava pelo fogo, já sabiam como obtê-lo e a sua luta se desenvolvia em outra direção. A tribo que conhecia o fogo já demonstrava mais conhecimentos, conhecia a flecha já caçavam e não eram presas fáceis dos animais selvagens. Também faziam seus abrigos, deixando as cavernas para os mais atrasados. Ferramentas e utensílios foram observados em seu poder. O próprio ato sexual, a tribo mais desenvolvida já o havia dirigido à procriação e não só ao prazer de uma maneira desordenada e selvagem. Até o amor e a escolha do parceiro foi tratada no filme de uma forma suave, sem abrangência, mas notadamente eficaz.

A sétima arte conseguiu, em 1980, através do diretor Jean Jacques Annaud, mostrar um pouco da pré-histórica, uma época desconhecida e tão pouco explorada; seu enredo transformou-se num complexo instigante sobre o comportamento e a linguagem dos nossos ancestrais humanos.

Como se fora um tratado antropológico, demonstrou a necessidade da inter-relação dos povos que lutando pela conservação de suas conquistas acabava interagindo uns com os outros, trazendo para os grupos mais conhecimento. Ainda hoje, as guerras, por mais horríveis que sejam ainda trazem conhecimento e trocas de experiências. A experiência quando ruim fica legada ao esquecimento ou à fixação do dever de não repeti-la mais.