Fargo, uma comédia de erros
Bem, Fargo não é nenhuma comédia, apesar de algumas cenas engraçadas pelo realismo cru. Os irmãos Coen gostam de explorar aspectos ridículos da sociedade americana, de mostrar como os indivíduos são massacrados pelas práticas sociais, exatamente a terra da liberdade e do individualismo, é o lugar onde o indivíduo é massacrado até o fim de seus sonhos. E o “american way of life” é, na realidade, o “american way of die”.
Fargo, cidade gelada do norte, foi o lugar escolhido pelos irmãos Coen para este ensaio sobre a violência. O porque eu não sei, talvez o fato da maioria dos personagens serem descendentes de nórdicos, suecos, noruegueses, dinamarqueses, povos que na Europa são pouco violentos, e que se deixam contaminar pela violência americana.
Assim, Jerry Lundegaard (William H. Macy), gerente da revendedora de automóveis de seu sogro. Jerry está precisando de dinheiro e planeja forjar o seqüestro da esposa, afim de extorquir o sogro. Para fazer isso, contrata os serviços de dois delinqüentes liderados por Carl Showalter (Steve Buscemi). Tudo corria bem até o momento em que um policial pára o carro dos dois e o parceiro de Showalter o mata com um tiro. A partir daí se inicia uma reação em cadeia de violência sem fim, que coloca todo o plano a perder.
A policial Marge Gunderson (Frances McDormand), grávida de oito meses, consegue esclarecer a série de crimes e prender o assassino.
Os destaques do filme são as atuações de Francês McDormand, esposa do diretor Joel Coen, que estava, de fato, grávida nas filmagens, que consegue reproduzir com perfeição o linguajar do povo da região, além de encantar a todos com seu andar de pata choca grávida. A atriz participou de vários filmes dos irmãos Coen – O Homem que não estava lá - por exemplo, mas em Fargo ela ganhou o papel principal com o qual faturou o Oscar de melhor atriz.
William H. Macy, o eterno coadjuvante, esteve perfeito neste filme, onde era atriz principal, e Steve Buscemi, espetacular, merecia o prêmio de melhor coadjuvante.
No conjunto da obra dos Irmãos Coen, que apresenta outros títulos muito bons como, “O Grande Leibovitz”, “Cadê você, meu irmão”, “O Homem que não estava lá”, certamente, “Fargo” terá, sempre, um lugar de destaque.