LOLITA
1997
direção de Adrian Lyne
com Jeremy Irons
Confesso que sozinho num quarto de hotel, após um dia de reunião, quando vi que era esse o filme que estava começando no canal pago, senti um certo prazer.
Mal sabia que estava iniciando diante dos meus olhos um dos maiores dramas já filmados.
O filme, ou o livro, poderia perfeitamente chamar "TRÁGICA OBSESSÃO!".
Sim, com exclamação e tudo.
Um professor de boa reputação, casado, cidadão decente, daqueles de quem nada se diz, se ve diante de alguém que para todos é uma menina mas para ele é uma mulher sensual, extremamente atraente, sedutora, irrecusável...
E a partir daí ele é apenas seu escravo.
E ela, personagem enigmática da história, entrega-se ao sexo como quem brinca de boneca. Nesse caso, de boneco...
O drama é o desmoronamento de tudo que um homem consegue, com muito custo, construir.
Inibindo desejos pecaminosos, que todos nós temos.
Inibindo desejos violentos, que todos nós temos.
Inibindo comportamentos inaceitáveis pela sociedade, que toda a sociedade tem...
E ele consegue, na sua expressão cansada, que carrega por todo o filme.
Até que o sistema falha e, como em Jurassic Park, as travas se abrem e os bichos se soltam. Como traze-los de volta quando a liberdade é bem mais cativante que o cativeiro ?
Mas se ela é, para ele, a expressão disso tudo, ele é, para ela, mais um brinquedo, um passatempo.
A reaproximação deles, já no fim da história, mostra bem o antagonismo de sentimentos. O amor visto de lados opostos...
E era, enfim, amor o que ele sentia ???
Vale a pena assistir.
Só não pense que estará naquele setor da locadora que fica nos fundos ou num quartinho do lado...
Fica ali mesmo, na prateleira dos antigos, escancarado para quem quiser entrar na delicada mente humana, na instável estabilidade, na fina camada do comportamento, numa tempestade chamada desejo...