Resenha sobre o filme "Terra", um lançamento da Disneynature
Ontem à noite fui assistir o filme “Terra”, um lançamento da Disneynature, que é um novo selo da Disney para filmes com bichinhos, plantas e coisas do tipo.
Antes que me perguntem se virei vegan, ecologista ou homossexual (que, aliás, há quem entenda como sinônimos), deixo bem claro que recebi o ingresso dos colegas do Curitiblogs, que ganharam alguns a título de cortesia e democraticamente sortearam entre a rapaziada.
A tempo, que constem nos anais da história meus sinceros agradecimentos ao Curitiblogs. Valeu, moçada. De repente tomamos uma logo mais.
Afinal, em tempos que até urubu já não desce com medo de virar galeto, ingressos grátis ou outras coisas interessantes grátis, como, por exemplo, cerveja (fica a sugestão) são muito bem vindos.
Assim sendo, é de bom grado que eu teça alguns comentários a respeito de tal obra cinematográfica.
O filme, como não poderia deixar de ser, traz imagens absurdamente fantásticas da vida selvagem.
Posto que cinegrafistas não voem e nem tenham poderes de invisibilidade, a certo ponto do filme é natural se desconfiar que os animais tivessem sido treinados e as cenas pudessem ter ocorrido em alguma locação de calibre hollywoodiano, ou então sob o tal “Chroma Key” (aquele fundo azul pra enganar o caboclo).
Caso alguém prove a farsa, sugiro que aquele urso polar mancando seja indicado ao Oscar de melhor ator.
Talvez pareça exagero, mas as cenas são realmente incríveis.
Não se consegue ver uma baleia daquele jeito, a não ser que você seja outra baleia. E mesmo assim faltaria a trilha sonora.
Com exceção de um passarinho escroto que fica dançando como um retardado (o típico bicho que nunca entraria em risco de extinção, por ironia divina), o filme traz uma perspectiva singular da vida selvagem.
Obviamente as cenas mais brutais são sumariamente cortadas logo após o leopardo correr mais que o veadinho, afinal presume-se que o público seja, ao menos em boa parte, infantil.
E foi justamente aí que me ocorreu que talvez o filme, mesmo com uma qualidade inegavelmente fantástica, não vá fazer grande sucesso. Claro que a sala de cinema vazia também me levou a pensar isso...
Acompanhe o raciocínio.
Adultos assistem documentários por dois motivos básicos: Para terem informações inúteis e passarem por inteligentes em discussões de bar; e para exercitarem o sadismo vendo cenas sangrentas. Assim sendo, certamente cenas de vida selvagem com comentários superficiais e com as partes mais chocantes cortadas não vão atrair o público adulto.
Sobre os adolescentes, não há muito que se falar: Talvez se interessassem pela dança do passarinho escroto ao som de NX-Zero, se o mesmo usasse piercing no bico e tivesse problemas na escola. E mesmo assim, não sei não...
Por fim, resta o público infantil, o qual eu presumo ser o verdadeiro público alvo do filme.
Pois bem. Cabe lembrar que o filme, muito embora traga em si certo ar de aventura, é um emaranhado de cenas incríveis, intercaladas, e sem grandes conexões. Certamente está mais para documentário do que para uma história propriamente dita.
Há de se concordar que crianças não ficam mais impressionadas com cenas do mundo real (notoriamente mais chato que o mundo imaginário), mesmo com as filmagens mais incríveis dos ângulos mais bizarros. Afinal já estão acostumadas com produções hollywoodianas fictícias que incluem cenas muito mais impossíveis (justamente por serem fictícias), e muito mais envolventes que a singela “trama” deste filme. Qualquer história da própria Disney daria de dez a zero.
Portanto, diria que, desconsiderando-se as premissas capitalistas que vinculam obras cinematográficas a negócios rentáveis, o filme é muito bom.
Se você gosta de cenas de vida selvagem fabulosas, mas se incomoda com as partes sangrentas ou com comentários informativos substanciais, certamente é o que há.
Para finalizar, meu espírito suíno me obriga a deixar mais um último comentário:
O urso polar morre no final.
Rá!