CRÍTICA DE CINEMA: Grow Younger - Considerações sobre O Curioso Caso de Benjamin Button.
O cinema é uma das minhas diversões favoritas, quase tão importante para mim como ler um livro. Mas a verdade que nunca me senti tão tocado por um filme, como me aconteceu esta semana, a ponto de querer expressar algo sobre ele.
Ocorre que assisti a “O Curioso Caso de Benjamin Button”, lançamento dirigido por David Fincher e que traz no elenco ninguém menos que o galã Brad Pitt e a talentosa Cate Blanchett.
O filme, baseado em um romance de F. Scott Fitzgerald escrito na década de 1920, conta a história de um homem, o Benjamin do título, que nasceu sob circunstâncias no mínimo curiosas (também como descrito no título...).
O personagem principal nasceu velho. Apesar de ser uma idéia aparentemente inconcebível, a descrição que se faz das doenças que o bebê idoso apresentava eram perfeitas: artrite, calcificação dos pés e mãos entre outras.
Enfim, tendo nascido idoso, a vida de Benjamin Button teria a tendência a seguir um rumo diverso do normal, ou seja, a personagem envelheceu rejuvenescendo (daí a expressão grow younger, utilizada no filme). É dos temas mais curiosos e tocantes.
Mas o traço mais marcante de toda a história não é a evolução física do personagem, que rejuvenesce até morrer como um bebê, mas sim a profundidade dos questionamentos trazidos ao espectador. Afinal, tendo se apaixonado por uma garota que era da mesma idade que ele, ou seja, ela era uma criança enquanto ele era um idoso à beira da morte, Benjamin nos mostra o quanto são preciosos os momentos da vida em que podemos gozar de todas as nossas faculdades mentais e físicas.
Como deve ter sido triste para ele ver sua amada envelhecendo enquanto seu próprio corpo ficava cada vez mais jovem. E mais doloroso ainda foi para ela, já uma senhora idosa, ter que tomar seu amado nos braços e niná-lo, sem sentir o calor da consciência e do reconhecimento, a não ser nos últimos momentos de sua vida.
E vendo a trajetória da vida de Benjamin Button no cinema (confesso que ainda não li o livro, mas já estou providenciando) fui atingido por um questionamento essencial: E se nossas preocupações financeiras, sociais e políticas no final da nossa vida, quando formos apenas um bebê semi-inconsciente nos braços de uma idosa amorosa, não nos tiverem trazido nenhuma resposta? E se a velocidade da informação e dos processos produtivos não representarem, no nosso último suspiro de consciência, a mínima sombra do sentido da vida?
Será que só então, naquele segundo antes do fechar dos nossos olhos, teremos a consciência do quanto nós desperdiçamos nossas oportunidades?
Mas agora, com toda a sinceridade, você já não acha isso?
090309
O cinema é uma das minhas diversões favoritas, quase tão importante para mim como ler um livro. Mas a verdade que nunca me senti tão tocado por um filme, como me aconteceu esta semana, a ponto de querer expressar algo sobre ele.
Ocorre que assisti a “O Curioso Caso de Benjamin Button”, lançamento dirigido por David Fincher e que traz no elenco ninguém menos que o galã Brad Pitt e a talentosa Cate Blanchett.
O filme, baseado em um romance de F. Scott Fitzgerald escrito na década de 1920, conta a história de um homem, o Benjamin do título, que nasceu sob circunstâncias no mínimo curiosas (também como descrito no título...).
O personagem principal nasceu velho. Apesar de ser uma idéia aparentemente inconcebível, a descrição que se faz das doenças que o bebê idoso apresentava eram perfeitas: artrite, calcificação dos pés e mãos entre outras.
Enfim, tendo nascido idoso, a vida de Benjamin Button teria a tendência a seguir um rumo diverso do normal, ou seja, a personagem envelheceu rejuvenescendo (daí a expressão grow younger, utilizada no filme). É dos temas mais curiosos e tocantes.
Mas o traço mais marcante de toda a história não é a evolução física do personagem, que rejuvenesce até morrer como um bebê, mas sim a profundidade dos questionamentos trazidos ao espectador. Afinal, tendo se apaixonado por uma garota que era da mesma idade que ele, ou seja, ela era uma criança enquanto ele era um idoso à beira da morte, Benjamin nos mostra o quanto são preciosos os momentos da vida em que podemos gozar de todas as nossas faculdades mentais e físicas.
Como deve ter sido triste para ele ver sua amada envelhecendo enquanto seu próprio corpo ficava cada vez mais jovem. E mais doloroso ainda foi para ela, já uma senhora idosa, ter que tomar seu amado nos braços e niná-lo, sem sentir o calor da consciência e do reconhecimento, a não ser nos últimos momentos de sua vida.
E vendo a trajetória da vida de Benjamin Button no cinema (confesso que ainda não li o livro, mas já estou providenciando) fui atingido por um questionamento essencial: E se nossas preocupações financeiras, sociais e políticas no final da nossa vida, quando formos apenas um bebê semi-inconsciente nos braços de uma idosa amorosa, não nos tiverem trazido nenhuma resposta? E se a velocidade da informação e dos processos produtivos não representarem, no nosso último suspiro de consciência, a mínima sombra do sentido da vida?
Será que só então, naquele segundo antes do fechar dos nossos olhos, teremos a consciência do quanto nós desperdiçamos nossas oportunidades?
Mas agora, com toda a sinceridade, você já não acha isso?
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