O Nome da Rosa, um olhar múltiplo
O nome da Rosa, que fora baseado no livro homônimo de Humberto Eco, é um filme encantador de uma teia envolvente tecida aos moldes de Sir Arthur Conan Doyle e seu célebre personagem Sherlock Holmes.
Todos os aspectos físicos perceptíveis no filme retratam e arremetem ao ar “londrino” dos enredos do personagem supracitado: a densa névoa, a constante penumbra, o frio e o palco onde se desenrola toda a trama, levam à constatação de que se trata de um romance composto por uma ficção alocada dentro de um contexto histórico que só tende a contribuir para o ardil dos personagens que nela se conduzem.
O monge guia espiritual e seu pupilo, Adson, conduzem-nos a um mosteiro repleto de monges devotados à tradução, compilação e iluminuras de livros. Entretanto observam que a biblioteca está em uma torre e ela está trancada. Neste mosteiro o acesso aos livros é restrito apenas ao prior e a alguns poucos. E estes poucos que tiveram acesso a um determinado livro em questão vieram a falecer.
As mortes foram atribuídas a uma intervenção demoníaca, entretanto isto não convence ao monge, ex-inquisidor. E juntamente com seu protegido dão início a suas investigações acerca de solucionar os intrigantes fatos. Aqui percebemos a influencia do escritor britânico, Sir Arthur C. Doyle, e da mesma abordagem que ele utilizava com seu personagem, Sherlock Holmes, dentro da narrativa selecionada por Humberto Eco.
É notório que o jovem pupilo, Adson, é um narrador autodiegético e fica mais evidente quando se constata que o que assistimos não passa de um relato de uma experiência vivida por ele no passado. Experiência esta carregada de descobertas. Descobertas essas que se tornariam cruciais para que mais a diante ele pudesse tomar a decisão que iría cambiar a sua vida. Dentre estas descobertas podemos enumerar:
O confronto entre fé e apostasia. Até onde existe o limite entre um e outro. A relação de crença e poder e como isso refletia-se dentro das mais diversas instituições eclesiásticas daquela época. A descoberta do amor, do sexo, da mulher, figura esta marginalizada dentro dos conceitos do período em que se passa a história. E sua relação com o celibato imposto pelas instituições religiosas. O conflito entre o conhecimento e a ignorância e a luta dos protagonistas para que o conhecimento não seja cerceado.
Quanto mais eles avançam no desenrolar dos fatos da trama inicial, mais eles se enredar em uma trama maior. Concebida apenas para lhes por em confronto com o meio que os cerca.
Ao jovem Adson lhe recai o peso prolixo de cultivar o amor pela primeira mulher com quem se envolvera, estando ela agora nas mãos da inquisição sendo acusada de bruxaria juntamente com outros dois monges. Sendo um deles perturbado mental e o outro, de fato um homem libidinoso. Todavia além de seu real pecado lhe aferem o peso da culpa de haver matado os demais irmãos de sua congregação. Neste caso é o Monge Gabriel de Baskerville, mentor espiritual do jovem Adson e interpretado por Sean Conery, que entra em conflito, pois ele, após estar convicto da inocência da acusação de assassinato que recaia sobre o monge, deve pesar sua decisão de contrariar uma decisão do inquisidor, feito que o fizera no passado sofrer o julgo do mesmo inquisidor.
O pupilo, como último e desesperado recurso, roga à Virgem Maria de que ela proteja a jovem moça e de a justiça divina seja cumprida. Contudo os três são condenados à morte na fogueira. Neste mesmo interlúdio ambos conseguem decifrar um enigma que os leva a descobrir o livro causador das mortes. O Prior o escondia em uma sala secreta dentro do labirinto que ao mesmo tempo era a biblioteca do monastério. Tratava-se de um livro de Aristóteles mencionado por ele mesmo onde ele abordava o riso. O Prior julgava-o um livro impuro, um livro que deveria ser escondido dos olhos da humanidade, posto que em sua opinião o riso não vinha de D’us. As bordas do livro continham veneno e ao umedecer o dedo e passar a página e repetir novamente essa ação a pessoa contaminava-se vindo a morrer logo em seguida.
O Prior, a fim de destruir todos aqueles livros considerados impróprios para a humanidade, decidiu incendiá-los. Gabriel tenta salvá-los. O incêndio tira a atenção dos que se ocupavam de levar a cabo a decisão da inquisição. A jovem é liberta e foge. Mais a frente encontrando-se com o jovem Adson. Nesta hora ele deve decidir. Ir com seu professor, tutor e guia espiritual ou ficar com a mulher que ama.
Embora tenha titubeado ele decide seguir seu mestre. Decide ser livre para conhecer o mundo, acumular conhecimentos e crescer intelectualmente. Entretanto jamais se esquecera daquela mulher e do que ela lhe proporcionara conhecer. Jamais esqueceu-se dela mesmo sem saber seu nome.