A Troca

O cenário é Los Angeles no final da década de 20, a protagonista é Angelina Jolie, a direção ficou a cargo de Clint Eastwood e o filme que tinha tudo para se tornar um obra-prima, a partir da metade da projeção desandou completamente.

A história gira em torno de Christine Collins (Angelina Jolie) e o desaparecimento de seu filho Walter. O longa é baseado em uma história real e este fato contribuiu e muito com algumas decisões de Eastwood. Após chegar do trabalho, Christine não encontra seu filho em casa, inicia-se então uma busca exaustiva da polícia local, notadamente corrupta e incompetente, para encontrar o garoto.

Após 5 meses de busca exaustiva e comoção pública, a polícia informa a Christine que encontrou seu filho, ao vê-lo, ela percebe que não se trata de Walter, mas após pressão da polícia ela resolve alimentar a farsa e leva seu suposto filho para a casa.

Até esse momento o longa enchia os olhos do público, no entanto, Clint Wastwood peca em ser fiel ao extremo aos fatos reais e se perde. O nome do filme já evidencia do que se trata e o recorte do filme durante toda sua projeção haveria de ser tão somente a troca das crianças, mas não é isso que acontece. O diretor amplia demais o foco e acaba se perdendo. A troca das crianças cede espaço para a descoberta de um criminoso. A boa vontade do diretor em apresentar todos os fatos acaba prolongando o filme, esvaecendo, por conseguinte, toda sua essência, além de enfraquecer o argumento inicial do longa.

Em relação à parte técnica não há do que reclamar, a fotografia é belíssima e coerente, a direção de Eastwood é muito competente, o filme é de prender a respiração do início ao fim da projeção, prende o público de uma forma impressionante. A atuação de Angelina Jolie é espetacular, uma das melhores, senão a melhor interpretação de sua carreira, foi muito convincente em um papel cheio de armadilhas e a indicação ao Oscar de melhor atriz soou meio óbvio.

A opção de Eastwood de inserir os tribunais ao final do filme além de empobrecer o significado de seu filme entra em um total lugar-comum que se potencializa no arremate final do longa que se apropria de uma filosofia barata, explorada a exaustão em filmes de qualidade duvidosa.

A Troca nos mostra que um filme baseado em fatos reais não implica em uma espécie de documentário. Uma certa preocupação em mostrar o que aconteceu de fato acaba enfraquecendo o poder que o filme poderia ter. O mais importante é conseguir retirar a essência do acontecimento e explorá-lo artisticamente. Faltou essa percepção de Eastwood que esteve muito perto de produzir a maior obra-prima de sua carreira.

Nota: 7,5

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