Romance: o novo filme de Wagner Moura
A mais nova produção de Guel Arraes, de fato, é a que mais se aproxima da arte cinematográfica, ao se desvencilhar de certas técnicas televisivas que eram utilizadas pelo diretor.
"Romance" é marcado pelo seu caráter dramático, mas sem deixar o riso de lado, como é característico dos filmes de Guel.
Outra característica marcante é a linguagem teatral, repleta de sentimento e rebuscamento que ganha força, ao passo que a superficialidade da tevê é criticada, mas de modo ameno, como deveria ser, afinal de contas, todos são atores globais e a emissora é um dos patrocinadores do longa.
Mas vamos ao que interessa, o filme em si. Pedro (Wagner Moura) dirige e atua na adaptação da obra de Shackspeare, "Tristão e Isolda". Ao procurar uma atriz para contracenar com ele, encontra Ana (Letícia Sabatella). Ambos se apaixonam e passam a atuar juntos na peça por um bom tempo. Porém, o ciúme e a rotina passam a interferir de modo decisivo no romance e o casal se separa, devido a um mal entendido.
Pedro e Ana só se reencontram anos depois quando Pedro é chamado para dirigir e escrever uma adaptação da obra de Shackspeare para a tevê. É a partir deste momento que a vida, nitidamente, começa a imitar a arte. Os sentimentos e incertezas dos personagens rompem o tênue limite da dramatização. E é justamente neste momento que deveria ser o ponto alto da trama, onde acontece um triângulo amoroso, que a narrativa perde sua força. Ao passo que a relação de Pedro e Ana evidencia-se como algo forte, repleto de sentimento, a relação da atriz com o ator Orlando (Vladimir Brichta) é absolutamente vazia, tornando a dúvida de Ana totalmente tola e sem sentido.
As participações de José Wilker, Andréa Beltrão e Marco Nanini foram preciosas, grandes atores que nos fizeram esquecer de suas origens televisivas, algo absolutamente incomum se tratando de cinema nacional. Uma produção que vale a pena pela atuação dos atores, pelo roteiro bem conduzido de Jorge Furtado e sobretudo, pela forma como o teatro é retratado na telona, onde prevalece suas particularidades e sua linguagem forte e simbólica.
Nota: 7,0
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