Ouçam... São as Crianças da Noite [Drácula, de Bram Stoker]

O corretor de imóveis Jonathan Harker não sabia onde estava se metendo quando aceitou ir para a Romênia, no lugar de um colega de trabalho, levar ao Conde Vlad Drácula os contratos de compra e venda de algumas propriedades que o nobre havia adquirido em Londres. O Conde, ao ver a foto da noiva do corretor, enxerga nela a reencarnação de um grande amor seu e apaixonado pela moça, corre até a capital inglesa para reencontrá-la. Quando Harker percebe a enrascada já era tarde, ele estava preso no castelo do vampiro, onde coisas assombrosas acontecem. E isso é só o início do mito do morto-vivo movido por amor que tem aspectos muito mais profundos do que cabem nesta resenha.

Sabe-se que desde a mais remota antiguidade, ao redor do mundo inteiro, existem lendas sobre seres amaldiçoados que vagam pela noite e se alimentam de fluidos humanos (energia ou sangue), dos Japoneses aos Astecas. Essas criaturas têm diversos nomes e origens, mas graças ao romance Drácula do escritor inglês Bram Stoker, prevaleceram para nós as lendas dos Vampyr do Leste Europeu.

O desenrolar da história do Sr. Harker e a luta pela manutenção do seu amor e de sua amada é cercada pela mitologia vampiresca, muito bem explicada a nós pelo professor Van Helsing, que definitivamente não é o Wolverine do sobrenatural, mas sim um velho professor de medicina, muito bem informado sobre problemas circulatórios e bruxaria.

Praticamente todos os elementos do terror contemporâneo vieram desta história: Lobisomens, névoas traiçoeiras, lua cheia, poderes sobrenaturais e toda a aura galanteadora e irresistível do Conde Vlad, nasceram desta história que podemos conhecer através do livro ou da sua adaptação para o cinema.

O livro, publicado em 1897, tem uma narrativa um tanto lenta, em forma de diários, mas nada que comprometa o suspense e a qualidade da obra. Interessante notar que são as mulheres que comandam a história, já que tudo acontece por causa e ao redor de uma delas: Nina, a noiva de Jonathan Harker.

Esta história foi adaptada milhares de vezes para o cinema, mas em 1992, Francis Ford Coppola, conseguiu fazer a melhor de todas as adaptações. No elenco estão pessoas do quilate de Antony Hopkins, Keanu Reeves, Winona Ryder e Gary Oldman. Inclusive, a atuação de Oldman que interpreta o Conde Drácula, aliada à maquiagem extremamente caprichada, é espetacularmente sombria e poderosa, merecedora de destaque.

Como o filme foi inteiramente gravado em estúdios fechados e cenários, Coppola aproveitou o total controle da iluminação para abusar dos efeitos visuais sem utilizar recursos digitais. Isso tudo fez com que a atmosfera sombria e sobrenatural do vampiro ficasse mais densa e a magia do cinema mais evidente.

É claro que a versão do cinema sofreu alguma modificação para caber

na linguagem das telas, mas nada do que a afaste da obra original, como outros tantos filmes de vampiro. Mas o importante é que tanto no livro de Bram Stoker quanto na película de Coppola, existe uma qualidade que não se pode se deixar de lado. Aos apreciadores de um bom romance ou do sobrenatural, Drácula, de Bram Stoker é visita obrigatória.