Vick Cristina Barcelona, a liberdade sexual e George Bush
Quem assistiu a Vick Cristina Barcelona, de Woody Allen, viu a sensualidade dos personagens, seus conflitos psicológicos, os interessantes diálogos, a bela trilha sonora, o ritmo ágil e leve, uma amizade resistente, a presença de um narrador da história e a liberdade amorosa retratada. Quem assistiu Jules e Jim, de François Truffaut, viu tudo ou quase tudo isso. O novo filme de Allen lembra o de Truffaut, tanto por parecerem livros filmados, tanto por tratarem da liberdade sexual-amorosa e da vivênicia artística como essenciais para a humanidade.
Uma diferença importante entre as duas películas, no que diz ao significado da importância dada à questão sexual, é determinada pelas diferentes épocas de produção das obras cinematográficas. Enquanto Jules e Jim nasceu em um período de intensa e irrestrita repressão sexual, Vick Cristina Barcelona foi gerado no fim da era Bush, com todo o conservadorismo e aversão à arte que a figura do chefe da Casa Branca simboliza. Daí vem, ao meu ver, a oportunidade de uma obra que combina liberdade amorosa e amor pelas artes, nos dias atuais, de forma a ser um contraponto a uma visão materialista e puritana do mundo.
O que fazer então, além de assistir Jules e Jim e Vick Cristina Barcelona e apreciar e vivenciar as artes? Participar dos processos políticos, buscando o melhor para o país e o mundo. Com a benção dos poetas e cineastas.