"Atos que desafiam a morte" ( Death Defying Acts )
"Atos que desafiam a morte" ( Death Defying Acts )
Em 20 minutos de filme Catherine Zeta-Jones mostra 5 facetas.
Primeiro, ela mora num cortiço em Edimburgo, e tem de ser a durona pra enfrentar a barra, depois ela está numa biblioteca como a sedutora, para o bibliotecário, em seguida ela está num palco, semi-nua, fazendo a vidente de quinta categoria para um público idem, depois a ladra num quarto de hotel, em seguida a subserviente e atônita face ao Grande Houdini. Conclusão: vai trabalhar assim nos invernos. Para satisfação e mérito da diretora Gillian Armstrong .
- Isso não é vergonha, Harry ...– diz a então apaixonada Catherine.
Harry Houdini tinha uma questão mal resolvida com a mãe.
Parece que o lance por aqui é resolver as questões. Dizem que sair daqui não resolvido é mau negócio. E que estamos aqui para isso. Para resolver, pois do outro lado é mais difícil. Dizem.
O assim nomeado “maior ilusionista de todos os tempos”, (pra mim esse título cabe noutra figura...), O Grande Houdini (Guy Pearce), dava a entender que existia algo mais além do show-business. Seu agente (Timothy Spall ), lhe dizia que a única coisa que existe é grana. Questão velha e insolúvel.
Filme de classe. Produção, direção e interpretações, idem.
O negócio da Catherine é sobreviver, Houdini oferece 10 mil dólares para o médium que descobrir quais foram as últimas palavras de sua mãe, no leito de morte. Perfeito para uma bela médium multifacetal, com uma filha (Saoirse Ronan) para sustentar.
Mãe e filha na estrada, um astro internacional no pedaço, todo mundo no show-business, todo mundo atrás da única coisa que existe. Que é exatamente aquilo que não se tem. Catherine Zeta-Jones - inglesa e camaleoa, quem viu ela em “Traffic” e “Queridinhos da América” pode assinar embaixo.
Guy Pearce, inglês naturalizado australiano, se destacou em “Priscila, a rainha do deserto”, “Los Angeles, Cidade Proibida” e “Amnésia”. Encarou o Grande Houdini com competência.
Timothy Spall , outro inglês, acho que trabalhou em todos os Harry Potters, como também em filme de gente grande, “ Vanilla Sky” , “ O Céu que Nos Protege”.
Gillian Armstrong , australiana, está na estrada desde que o Brasil foi Tri, conhece o bêabá e também atua como produtora. Dirigiu, entre outros, “Oscar e Lucinda” e “Charlotte Gray”.
- Isso não é vergonha, Harry – diz Catherine em perfeito escocês – é o que homens e mulheres fazem. Mantém a solidão à distância. Mantém o inverno à distância. E quando se tem sorte, encontra-se um pouco de amor entre os lençóis.
Abracadabra: O truque é ter sorte.