O Sonho de Cassandra

O mais recente filme de Woody Allen,estreado no Brasil, O Sonho de Cassandra (2007), trata do poder corruptor do dinheiro e sua ação como agente determinante de tragédias.O miolo do enredo diz respeito a dois irmãos, intrepertados por Ewan McCregor e Colin Farrel, que em meio a dificuldades financeiras por dívidas de jogo (personagem de Farrel) ou por desejo de agradar a sua bela e ambiciosa amada ( personagem de McCgregor) recorrem ao crime, atendendo a encomenda de um tio endinheirado, quando eliminam uma testemunha que possuía sérias denúncias a fazer contra o parente rico.

Em todo filme valores financeiros são citados, demonstrando que no mundo contemporâneo o dinheiro invade violentamente todos os aspectos da vida, mesmo os mais sacrossantos como o amor e as relações familiares, tudo deturpando e amesquinhando. Assim na película(e na vida), o dinheiro não é necessário apenas para pagar as dívidas, mas também para se casar, para ser um membro respeitado por sua família, para ser um bom amante,etc.

Ao criar uma tragédia motivada por dinheiro,diferentemente da tragédia grega, impulsionada pelo destino, ou da trilogia O Poderoso Chefão, relacionada à mística da Máfia, Allen acerta em cheio, fazendo uma crítica ao nosso tempo, onde o TER cada vez mais suplanta o SER. O Sonho de Cassandra também é um belo diálogo com outros dois filmes do mestre nova-iorquino, Crimes e Pecados(1989) e Match Point(2005), com Dostoiévsk (Crime e Castigo), ao estudar a culpa na mente humana e com Hitchcock, na utilização engenhosa do suspense.

Sendo assim, O Sonho de Cassandra é um filme que deve ser assistido, com atenção e reflexão,não apenas pelo mito em torno do nome Woody Allen, mas sobretudo por sua qualidade técnica e por sua temática profunda e apropriada.