Filminho Bom Da Gota Serena! [O Homem que Desafiou o Diabo]
O universo do cinema nacional é repleto de filmes “cabeça”, cheios de metáfora e discurso sócio-político de meia-tigela. Para estes filmes a critica é sempre positiva, pois é mania nacional deixar uma mensagem que só quem estiver “ligado” vai entender. Isso pode até ser uma super diversão pra quem consegue ter alguns insights, mas chega uma hora que enjoa. Ainda bem que alguns abençoados ainda insistem em fazer o cinema divertido, com o intuito apenas de entreter e contar boas histórias e este é o caso de “O Homem Que Desafiou o Diabo”, dirigido por Moacyr Góes.
Baseado no romance "As Pelejas de Ojuara", de Nei Leandro de Castro, que também é um dos roteiristas do filme, O Homem Que Desafiou o Diabo conta com Marcos Palmeira interpretando o Zé Araújo, um caixeiro-viajante e mulherengo de sucesso que seduz a filha de um comerciante turco acaba obrigado a casar-se com ela. Quando percebe, ele é escravo do sogro na vendinha e da mulher em casa, logo é motivo de piada na cidade. Mas não por muito tempo.
Num belo dia, Araújo manda tudo praquele lugar e virado num Michael Douglas em “Um Dia de Fúria”, resolve sua vida e se transforma no caboclo da peste, que nada teme, de nome Ojuara (Araújo ao contrario) e cai no “oco do mundo”, enfrentando tudo (incluindo o próprio Diabo), tomando toda a cachaça que encontra e bulindo com qualquer moça que lhe apareça na frente.
A fama de duro na queda de Ojuara o precede, mas ele quer mesmo é chegar na terra de “São Saruê”, onde as montanhas são de rapadura e os rios são de leite, nada mais pitoresco. Mas a grande sacada do filme é juntar vários mitos nordestinos e costura-los através do cabra macho que vaga sertão afora enfrentando assombrações e fazendo coisas que ninguém consegue.
Não espere uma análise profunda do folclore nordestino ou qualquer discussão sociológica para a pobreza do sertão, o que interessa para o filme é que o Sertão nordestino é muito quente, colorido, cheio de cachaça, loucura e até mesmo de romance. Aproveitando-se da beleza das atrizes, o filme conta também com incontáveis pares de belos peitos em cena, com destaque aos da Fernanda Paes Leme, que interpreta o grande amor de Ojuara, a bela moça de cabaré chamada Genifer.
Se você quer passar 106 minutos de boas risadas, belas paisagens, causos insólitos e uma aula de ditos populares e gírias nordestinas, esse filme é um prato cheio e merece muito ser visto. Mas também não precisa ir com muita sede ao pote, pois como disse o grande Ojuara: “Quando o pirão é demais, pode esperar caganeira”.