Cinturão Vermelho
O diretor e roteirista David Mamet produz um filme muito aquém de suas possibilidades. Um roteiro sonolento e uma direção confusa decepcionam os fãs de jiu-jitsu. Mamet ganhou notoriedade com suas peças de teatro, recebendo algumas indicações do Tony Awards, o "Oscar" dos palcos. Como roteirista foi indicado duas vezes ao Oscar em 1983 por O Veredicto e Mera Coincidência em 1997, além de ser um dos responsáveis por um dos clássicos das obras de máfia com Os Intocáveis em 1987.
Cinturão Vermelho possui dois apelos relativamente fortes para atrair o público. O primeiro por se tratar de uma obra sobre o jiu-jitsu, arte marcial extremamente popular no Brasil e na Ásia, o segundo ponto marcante desta obra se dá justamente por essa popularidade do esporte no país tupiniquim, dois dos atores brasileiros de maior relevância no cinema internacional estão presentes no longa: Rodrigo Santoro e Alice Braga, no entanto nada disso foi suficiente para fazer o filme deslanchar.
Apesar do começo do filme não empolgar, os diálogos fluem de uma forma interessante. A filosofia do esporte é mostrada de modo sutil, os personagens têm um caráter humano, embora não tenha havido nenhuma contextualização para pontuar e esclarecer ao espectador quem são e o que estão fazendo diante de nós. Por volta da metade do filme, o que já não era bom fica pior quando o mestre de jiu-jitsu Mike Terry, interpretado por Chiwetel Ejiofor, salva o famoso ator Chet Frank (Tim Allen) de ser espancado e como forma de gratidão ele consegue um emprego para Mike na indústria do cinema.
A partir daí o filme não sai do lugar, não nos diz absolutamente nada e vai seguir assim até o seu desfecho. Do meio para o fim é um ato de heroísmo, tal qual salvar o astro Chet Frank, se manter com os olhos na tela. A filosofia do esporte desintegra, os atores sejam eles brasileiros ou não, não apresentam profundidade nenhuma, além dos diálogos se empobreceram de forma impressionante. Acontecimentos anteriores são deixados de lado sem a menor explicação, assim como o personagem Chet Frank, que é esquecido e nem sequer nos informam o seu paradeiro. As sequências são de surpreender, ainda mais se tratando de um profissional tão experiente e competente como Mamet.
É um filme que poderia ser o que não é, um filme apenas com potencial. Um grande desperdício de potencial, potencial do diretor, do enredo em si e de seus atores. Uma temática que deve atrair muito brasileiros e estes saírão do cinema ou onde quer que assistam, exigindo os 100 minutos que foram desperdiçados de volta.
Nota: 4,0
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