Forrest Gump - FLores no jardim

Acabo de assistir a uma verdadeira obra-prima. Um filme em que desperta alguns sentimentos humanos esquecidos no dia-a-dia moderno ou, no mínimo, que são deixados de lado. A vida dos seres humanos está mais vinculada com as das formigas do que o céu está para os Deuses. Na verdade, ninguém sabe onde estes vivem, mas nós, homens e mulheres, passamos as nossas trajetórias diante de regras, concursos, cavernas, dúvidas, inseguranças, e o escambal que muitas vezes não sabemos nem explicar. Tudo passou a ser questão de convenções baratas. E o que fica certo diante de tudo isso é: viver remete a seguir, não a remoer; conviver, não temer; lutar e não se importa para os que vêem a sua bunda.

No entanto, muitas vezes, esquecemos de nossas vidas e encarnamos o espírito das formigas. Andamos preocupados com o trabalho e com o que vão dizer de nossas meias. Pensamos em fofocas de rotina e no programa favorito. Sentimos o sabor da vitória e imaginamos ser gloriosos. Onde está a glória? Aquela mesma que deveria te fortalecer...

O brilho da ingenuidade perdeu-se diante das novas tecnologias e da rotina digital. O amor já não é encarado de maneira subjetiva. Acham que o amor está no dicionário. As passeatas são armadas pelos criminosos e as manchetes pelos tendenciosos cretinos.

“Forrest Gump” mostra que em um mundo de formigas, amar e não temer nada te torna forte, mais forte do que qualquer patrão ou tenente durão. Mostra-nos que não é preciso ser pássaro para sair do lugar que te faz mal a procura da felicidade, basta ter força de vontade. Faz com que o coração do espectador bata mais rápido ao perceber o número de oportunidades existente nesse mundo, mas que mesmo assim, continua a ser cruel, muitas vezes por nossa própria culpa. O filme pode ser considerado uma metáfora dos sonhos humanos e também pode se considerar uma verdadeira amostra de como é fácil seguir e não só ficar sentado em um banco, calado, esperando o próximo ônibus.

Em matéria de conteúdo científico o filme não tem nada. No quesito businesses Tom Hanks ou, Forrest, não dá uma dica que podemos levar a sério. Na vertente do pacifismo e dos movimentos do século passado, a obra não tem nada de relevante e não mostra a vontade de escancarar defeitos ou qualidades de alguns que um dia sonharam em mudar algo, mas, infelizmente, esqueceram de olhar para dentro de si mesmo. A sutileza é o toque especial dessa história.

A magia fica por parte dos sentimentos, seja o de liberdade ou de paixão, de dor ou esperança, de superação ou descrença ou, qualquer outro que podemos denominar. Depois de mais de duas horas diante da tela, tive a certeza de que com o cinema posso aprender um pouco sobre a vida e despertar para erros sutis que cometemos durante nossos dias. Sutis por não percebermos ao cometê-los, porém fortes suficientemente para transformar nossas vidas em dias de formigas.

O filme, finalmente, faz você refletir e muito. Cada um faz isso como deseja: os seus momentos você contará a quem e como quiser. Cada segundo tem o seu instante de honra ou felicidade, veja a vida com olhos atentos e fortes, mas carregando pingos de ingenuidade. A “Pena” (não o sentimento) passa por ti enquanto tu estiveres desprevenido, atente-se ou não a verá passar ou a perderá de vista. O fim da linha nunca chega para os grandes campeões, o antes e o depois é a mesma coisa. O dia em que estiver solitário, corra em direção do que desejar, pois só assim alcançara a sua paz. Acredite sempre em seus princípios e nunca esqueça: o olhar de dentro para fora é e será sempre a maior arma contra cigarras e soldados.

Grandes dolorosas verdades estão maquiadas por escandalosas risadas. Sorria, o mundo é doce como uma caixa de chocolates... E os filmes não são apenas tomadas e diálogos passageiros. Deixe-os tocar-lhe e sinta a energia de quem acreditou naquele projeto.

“A porta da frente nem sempre é a mais bonita”

FORREST GUMP