Quando a máquina ama mais que o homem

QUANDO A MÁQUINA AMA MAIS QUE O HOMEM.

ginaldo_silva@hotmail.com

Vivemos uma época em que os recursos são limitados e a tecnologia avança a passos largos.

AI – Inteligência Artificial, filme de Spielberg, humaniza robôs criados para amar. E é nesta paisagem que objetos futuristas brincam com o imaginário do público. História elaborada por Kubrick tendo como base Superbrinquedos duram o verão todo, um conto do autor de ficção científica Brian Aldiss, deixa uma dualidade registrada numa perspectiva visionária entre Kubrick e Spielberg.

O filme retrata um clima pessimista em relação ao futuro. Um robô preenche o vazio de uma família que não pode ter filhos criando laços sentimentais entre mãe e filho. A tecnologia fornece mão de obra através de andróides e a emoção é a última fronteira controversa nesta revolução robótica.

O que mais impressiona é um robô que procura realizar o seu sonho: tornar-se amado por sua mãe humana. E isto é possível? Um humano pode amar um andróide como se fosse seu próprio filho? Spielberg deixa registrado toda a sua sensibilidade ao fazer da história ficcionista algo que incomoda a realidade atual. Máquina e homem num mesmo contexto dividindo sentimentos e espaço no mesmo tempo em que tecnologia e angústias provocadas pela individualidade humana resiste ainda em prevalecer que o poder do amor é ilimitado. Contra-senso que provoca e incomoda por ser tão real. Um robô livre de sentimentos banais e mazelas psicológicas presentes no homem. Máquina que chora por dentro sem precisar de lágrimas falseadas pela hipocrisia da humanidade.

Outros robôs já foram personagens principais em filmes tais como Blade Runner- o caçador de andróides, que também tem como referência a máquina versus homem. O robô de Spielberg fascina. Possui carisma e é acima de tudo, carente de afeto e amor materno. Sentimentos quase não perceptíveis nas crianças de hoje.

O cenário impressiona por ter sido criado em cima de dados que já conhecemos: o super aquecimento da terra. O homem é neste contexto o responsável por este ato futurista. A máquina é o que resiste. É o que sobra de um mundo bombardeado pela imperfeição do ser humano. O homem é o nada desta sobra. As possibilidades de felicidade neste mundo são quase impossíveis. Não há como dividir sentimentos de necessidade com sobrevivência. A razão é o que importa.

AI contribui para a reflexão. O futuro sempre esteve relacionado com o que vemos em filmes como este. O futurismo está presente com o decorrer dos fatos. Ser humano é ser prejudicial. É a ingratidão mal guardada da sobra divina. A perfeição está na máquina por ter sido esta, a criação do homem, e o homem a imperfeição de Deus. Segundo Friedrich Nietzsche, o ser humano na sua essência é maldito.

Portanto, devemos olhar o mundo com a visão de um cego. Compartilhar com a cibernética como nova opção de realização. É nela que talvez encontraremos a mesma satisfação de David: ser amado como humano nem que seja por apenas um dia.

ginaldo
Enviado por ginaldo em 09/07/2008
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