O ESCAFANDRO E A BORBOLETA
Sinopse:
1995. Num quarto do Hospital Naval em Berck-sur-Mer, no litoral da Normandia, acorda de um sono profundo de 20 dias Jean-Dominique Bauby.
"Jean-Do" 42 anos, era editor da revista Elle, ambicioso, talentoso, culto, galanteador e um apaixonado pela vida. Subitamente, sofreu um acidente vascular cerebral que "desligou" a conexão entre o seu cérebro e a sua espinha dorsal e o deixou paralisado da cabeça aos pés. Seu caso é um exemplo raro e inexplicável da "Síndrome de Locked-in": Bauby ainda está lúcido, consegue ouvir e entender tudo o que se passa à sua volta, mas o único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo.
Pai de três crianças, "Jean-Do" não suporta a idéia de não poder mais abraçar Theóphile, Céleste e Hortensie, nem de ver todos seus projetos (entre eles o de escrever uma versão moderna de O Conde de Monte Cristo) interrompidos abruptamente, mas tenta superar a dor emocional entregando-se à rotina de fisioterapia -hidroginástica -fonoaudiologia -ortofonia.
Bauby se recusa a aceitar seu destino. Aprende a se comunicar piscando inicialmente para dizer "sim" (uma piscadela) ou "não" (duas piscadelas) e depois aprende a escolher as letras do alfabeto com piscadelas, e a formar palavras, frases, parágrafos e consegue finalizar um livro onde cria um mundo próprio, fruto de reflexões numa solidão profunda e de memórias e sentimentos de alguém que se recusa, apesar de todas as circunstâncias, a levar uma vida vegetativa.
(Le Scaphandre et le Papillon, França/ EUA, 2007)
Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood, baseado em livro de Jean-Dominique Bauby ( http://www.miramaxhighlights.com/pdfs/The%20Diving%20Bell%20and%20the%20Butterfly.pdf )
Elenco: Mathieu Amalric (Jean-Dominique Bauby), Emmanuelle Seigner (Céline Desmoulins), Marie-Josée Croze (Henriette Durand), Anne Consigny (Claude), Patrick Chesnais (Dr. Lepage), Niels Arestrup (Roussin), Olatz Lopez Garmendia (Marie Lopez), Jean-Pierre Cassel (Lucien / Vendeur Lourdes), Marina Hands (Joséphine), Max von Sydow (Papinou), Isaach De Bankolé (Laurent), Emma de Caunes (Imperatriz Eugénie), Jean-Philippe Écoffrey (Dr. Mercier), Nicolas Le Riche (Nijinski), Lenny Kravitz (Lenny Kravitz), Michael Wincott (Michael Wincott) .
Opiniões dos Críticos:
SÉRGIO RIZZO, Folha Ilustrada:
"Vital para o impacto gerado sobre o público, a primeira parte é uma extraordinária demonstração do uso de câmera subjetiva (que adota o ponto de vista do personagem). Quando ela termina, e adota-se concomitantemente o procedimento clássico, o choque do que se vê é em parte neutralizado pelo que se sabe continuar dentro de Bauby."
GEO EUZEBIO, do site Cineplayers:
"Logo de cara é difícil não lembrar do personagem Ramón Sampedro de Mar Adentro (interpretado por Javier Bardem e dirigido por Alejandro Amenábar) e sua luta por querer morrer. No entanto, o caso de JeanDo é contado por outro prisma... Apesar de eventualmente se chatear com sua nova condição e de ter certo pudor em aparecer novamente para os conhecidos (principalmente seus filhos), a narrativa de Bauby é mais leve. No momento em que ele descobre que sua principal arma contra o tédio de sua nova vida nesse escafandro metafórico só pode ser rompida através da imaginação, o personagem passa a esforçar-se."
ALYSSON OLIVEIRA, do site Cineweb:
"O Escafandro e a Borboleta é também um filme sobre pais e filhos. No primeiro dia dos pais depois do AVC, quando seus três filhos o vêem pela primeira vez naquele estado, a data adquire uma nova conotação. Ele diz que esse dia nunca fez parte do calendário afetivo da família – mas agora o faz. Na outra ponta da família está o pai (Max Von Sydow) de quem Bauby cuidava, para quem agora é doloroso o estado do filho."
REGIS TRIGO, do site Cineplayers:
"O Escafandro e a Borboleta rendeu vários prêmios a Julian Schnabel, entre eles o Globo de Ouro, o Indepedent Spirit Award e o de melhor diretor em Cannes. Não cheguei a ouvir seus discursos de agradecimento, mas em todos eles Schnabel deveria dedicar algumas palavras ao fotógrafo polonês Janusz Kaminski. Muito da concepção visual do filme é deve ser creditada na sua conta. Homem de confiança de Steven Spielberg, com quem trabalha desde A Lista de Schindler, Kaminski optou pelo uso das cores mais variadas e fortes possíveis. Todas as paisagens em torno do hospital, como a praia e o mar, são fotografadas em tons brilhantes, vivos. Além disso, ele lançou mão de uma série de instrumentos técnicos para que o recurso da câmera subjetiva atingisse o máximo do seu efeito. Assim, para retratar a sensação de Bauby ao retornar do coma, Kaminski desfoca a imagem. Para simular o piscar de olhos, ele fecha e abre o diafragma da câmera. As lágrimas são simuladas com a lente se tornando turva. Sem cair em exageros ou maneirismos, o artifício impressiona, tanto do ponto de vista estilístico quanto dramático. "