FIM DOS TEMPOS
Direção: M. Night Shyamalan.
Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschannel, John Leguizamo, Spencer Brezley, Ashlyn Sanchez.
Origem/Ano de produção: EUA/2008.
Duração: 96 min.
Não sei bem o que acontece com M. Night Shyamalan. Depois do arrepiante "O sexto sentido", o diretor indo-americano nunca mais acertou a mão. Em sua quarta tentativa após o mega sucesso do filme que revelou o ótimo ator-mirim Haley Joel Osment, ele nos apresenta uma produção B que dificilmente repetirá a façanha do seu primeiro e inesquecível longa-metragem, de 1999.
Lá se vão dez longos anos sem que Shyamalan justifique a fama a que fez jus repentinamente. Depois de "O sexto sentido", seu primeiro e único sucesso, ele já filmou a grande bobagem que foi "Corpo Fechado", o apenas razoável "Sinais", o amado/detestado "A Vila" e o fiasco "A dama do lago", sempre com orçamentos decrescentes. Dessa vez, assumindo publicamente que fez um filme de baixo orçamento, o diretor procura antecipadamente se desculpar por algumas cenas no mínimo burocráticas, em um filme sem nenhuma imaginação e com um elenco que não funciona.
Numa bela manhã, a cidade de Nova York acorda com um acontecimento inexplicável: as pessoas, repentinamente, começam a se matar, sem nenhum motivo aparente. As primeiras notícias dão conta de um ataque terrorista com armas químicas, e a onda de terror se espalha pelo leste dos Estados Unidos, levando o professor Elliot Moore (Mark Wahlberg), sua esposa Alma (Zooey Deschannel) seu amigo Jullian (John Leguizamo) e sua filha de oito anos Jess (Ashlyn Sanches) a empreender uma fuga desesperada pelo interior do país, em busca de um lugar seguro que parece não existir. Nesse ponto do longa, a semelhança com outros filmes-catástrofes recentes, como "Meteoro" e "A guerra dos mundos" é visível, com toda a desvantagem que um baixo orçamento pode pagar. O diretor ainda tenta segurar o interesse da plateia apelando para o senso de humor, mas o roteiro, aliás, escrito por ele mesmo, não deixa. Resultado: uma hora e meia de uma pretensa crise ambiental que culpa a mãe-natureza pelos suicídios, como vingança dos desmandos cometidos pela humanidade.
Mesmo com todo esforço do diretor, as atuações não convencem. Mark Wahlberg parece ter regredido à época em que não passava de um ator canastrão (e olha que isso nem faz tanto tempo assim...) enquanto o bom John Leguizamo não tem tempo para dizer a que veio. O roteiro é superficial, a crise conjugal vivida por Elliot e Alma é superficial, a traição da esposa é superficial e o ciúme do marido também. Como par romântico eles não conseguem convencer o espectador, pois apesar de casados, parecem dois desconhecidos, não há uma única troca de beijo entre eles. Difícil entender como ela aparece grávida no final.
Outro senão do filme é a falta de um vilão que realmente assuste, afinal a simpática brisa que o diretor escolheu para personificar a vingativa mãe-natureza, conseguiu ser menos expressiva que o Mark Wahlberg, coisa que julgavamos ser impossível...
Creio que o maior problema de M. Night Shyamalan seja tentar repetir o sucesso do seu primeiro filme, esquecendo-se que Hollywood é uma grande fábrica de diversão. Sugiro que ele procure se levar menos a sério do que tem feito até agora. Quem sabe não seria uma boa ideia dirigir uma comédia? Pelo menos estaríamos achando graça na coisa certa...
COTAÇÃO: REGULAR.
Resenha crítica publicada no site Cranik, do qual o autor é crítico de cinema. Para ver mais de 200 resenhas de filmes variados, acesse www.cranik.com