"O Resgate de um Campeão" (Resurrecting the Champ)
O Resgate de um Campeão (Resurrecting the Champ)
Pensando bem, dá vontade de dizer: resenhar o que? O filme em si é uma resenha. E, talvez, o título apropriado seria “Mil Signos Embutidos”. Existem filmes assim, a gente poderia chamá-los de filme-resenha, resenham as coisas da vida, não são tantos, mas quando são, são. Os caras da “caixinha” já tiveram melhores atuações nesse quesito, pois desta feita e na minha modesta opinião, erraram feio. Isso porque, se o sujeito ou a sujeita for alugar achando que é um filme sobre boxe, com a devida pancadaria que esperam, vão se dar mal. E, na outra face, os que estiverem saudosos de um filme-resenha, vão olhar para a “caixinha” e falar, comigo não, violão. Assim, dois pecados numa mesma embalagem.
Nas primeiras cenas você vai lembrar do “Menina de Ouro”, porém, adianto, parece, mas não é. Nada a ver. E parece tudo a ver com uma história real, pois assim explicita a “caixinha”.
O repórter esportivo Erik Kernan (Josh Hartnett), cometeu um erro grave ao interpretar a vida do morador de rua Champ (Samuell L. Jackson), uma sombra de si mesmo que vê no encontro com o jornalista a oportunidade de ouro para se re-inventar. E Josh não leu na cartilha dos papas Woodward & Bernstein (Watergate), onde é melhor checar várias vezes uma história inacreditável.
Samuell L. Jackson, maestro em termos de magnetismo, viciado ou não em cinema conhece a figura, sendo esta, na opinião deste escravo, viciado em trabalho. Samuell tá em tudo que é filme. Se eu encontro com ele na rua, estico a mão. Ele vai achar que é para me dar uma esmola mas isso não vai me incomodar. Até porque as chances da gente se encontrar são, percentualmente dizendo, bom, vou fazer as contas e depois te conto.
Durante a encenação, toda vez que Josh Hartnett encontra Samuell, pergunta: hello, Champ, como vai? Ele responde, ah, hoje, estou 30 por cento. A cada dia ele se expressa com uma porcentagem, sendo 100 por cento a nota mínima para a atuação do sr. Samuell.
Há uma estrela disfarçada em “O Resgate...”, fazendo uma ponta, que atende pelo nome de Peter Coyote. Ele participou do primeiro grande filme do nosso cineasta, Moreira Salles. Na época fiquei cabreiro com o Coyote. Salles fez um super filme, mas acho que o Coyote dava a impressão de estar cantarolando: tô nem aí, tô nem aí... Outra, sem disfarce, também está lá ressuscitando o campeão, Teri Hatcher, (Desperate Housewives).
Mais outro, na estrada há mais tempo que os citados e um talento em qualquer circunstância: Alan Alda.
Dos mil signos embutidos, qualquer recantista vai se identificar com pelo menos um, obrigatoriamente.
A direção fica por conta de um cidadão que começou como crítico de cinema. Rod Lurie. Daí foi escrever roteiros, dirigiu isso e aquilo.
Isso = “A Conspiração” e aquilo = “Minutos Extremos”, ambos deste século, salvo engano.
Filme = ótimo.