Resenha Crítica do filme "Pink Floyd - The Wall"
O filme Pink Floyd - The Wall, do diretor Alan Parker, produzido por Alan Marshall, lançado na Inglaterra em 1982 é do gênero musical e tem 92 min de duração, sendo baseado nos anos 70. Durante todo filme as imagens e as músicas do grupo Pink Floyd irão mostrar o que está acontecendo. The Wall trata da história de um rapaz, Pink, astro do rock que vive em um quarto de hotel e aos poucos enlouquece com suas próprias lembranças. Ele é um menino igual a muitos da época, um War Babies, brincando de militar com as roupas do pai morto durante a 2ª Guerra Mundial. É uma criança sofrida pela ausência paterna e por represália na escola. Filho de uma mãe durante inúmeros momentos superprotetora. Quando adulto, um homem casado com uma bela mulher mas que lhe trai e lhe abandona. Estes dados são deduzidos pelo espectador durante as memórias de Pink, mostradas por flashs da infância, adolescência e idade adulta dele. O filme tem uma característica depressiva e sombria. O passado e o presente se cruzam durante todo The Wall. Do inicio ao fim mostra também, o sofrimento causado pela 2ª guerra mundial na formação de uma criança. Sua música é subjetiva e relata temas críticos como relacionamentos, drogas, guerra, educação, relação mãe-filho. Numa visão superficial do filme, o espectador poderá acreditar ser apenas um filme psicodélico, embora, numa análise mais cuidadosa os flashs da memória de Pink mostram pontos relevantes para uma crítica mais cuidadosa de posturas sociais e humanas.
Pontos do filme importantes para esta análise começam já, nas primeiras cenas. No inicio do filme é mostrado um corredor onde uma mulher usa um aspirador de pó e escuta uma música dos anos 50. Dentro de um quarto, um homem acende um lampião e segura uma arma. Neste momento, o ano de 44 é marcado e começa uma música falando de guerra. Volta a cena da mulher onde ela tenta abrir a porta do quarto. Ele olha a porta e imagina jovens rompendo correntes desta e vê policiais repreendendo pessoas. Uma nova cena onde soldados feridos são retirados do campo de guerra. O homem do quarto joga-se numa piscina com os punhos cortados. Talvez signifique a tentativa de libertar-se das amarras das lembranças do passado mas sem sucesso. Agindo de forma agressiva pratica o auto-flagelo. Tudo isso poderia ser interpretada como a loucura do homem após um desenvolvimento humano conturbado por marcas intransponíveis de agressões, perdas e humilhações. Este construindo em torno de si seu muro para autodefesa e ao mesmo tempo à vontade de romper com esse, seu passado conturbado.
Outra cena forte é uma das alucinações de Pink, quando vermes consomem seu corpo e assim ele se torna um militar nazista que como tal, desrespeita qualquer diferença, sendo ovacionado por seus aliados. Reporta o espectador à 2ª Guerra Mundial e todo desrespeito ao diferente ocasionado por ela. Os vermes poderiam ser vistos como a podridão do homem destruindo a capacidade de amor do ser humano.
Também deve se levar em consideração às cenas de Pink criança com a mãe. Ela demonstra a postura superprotetora, interrompendo o processo de crescimento e escolhas do menino. Transformando-o num adulto temeroso e dependente.
The Wall aborda o relacionamento amoroso em algumas cenas demonstra pelas posições de fracasso de Pink diante da incapacidade de lidar com perdas, pois tenta se suicidar.
Numa visão educacional do filme a escola mostrada é a tradicional. Crianças não passam de carne moída, sem diferenças. O professor repreende a brincadeira de crianças nos trilhos. Pink é zombado na escola. O mesmo professor é repreendido em casa pela esposa. O que demonstra muitas atitudes comuns no método tradicional de ensino, onde o repressor também é um repreendido, frustrado. E, na sala de aula, local onde acredita estar seus inferiores tem a oportunidade de vingar-se. O professor degride a imagem dos alunos, todos são inferiores a ele, não passam de taboas rasas. Fato que não perdura pois os alunos se revoltam, mostra as diferenças, a inquietação, o quebrar de pré-conceitos. Marcando o fracasso deste método. A letra da música desta cena revela essa ruptura.
Não se pode deixar de lembrar que há duas cenas marcantes do momento da guerra. São as imagens de aviões voando como cruzes no espaço azul do céu, representando as inúmeras mortes decorrentes desta época e a brincadeira das crianças no trilho, onde Pink vê o rosto de pessoas em um trem onde todos são iguais. Exatamente como eram vista as pessoas embarcadas em trens para os campos de concentração, nada mais do que seres inferiores à raça ariana. No final do filme, o espectador tem em Pink, o enfoque de um homem com as próprias concepções, traumas, lembranças escondidas em seu muro interno destruídas ao ser obrigado a se mostrar a outros. No caso de Pink, a destruição do muro lhe enlouquece pois suas fracas estruturas internas não agüentam as marcas de seu passado.
O filme vale a pena ser visto no entanto, não aconselharia para um trabalho com adolescentes pois o fato de estarem em formação e este “tocar” o íntimo do ser humano talvez ocasione reflexos negativos no desenvolvimento. autoria de: Adriana Tavares Pimentel