Castro Alves
Antônio de Castro Alves, o poeta dos escravos, nasceu dia 14/03/1847, na fazenda de sua família, próximo à cidade de Curralinho (Estado da Bahia).
Castro Alves foi um poeta perfeccionista. Corrigia os versos com apuro, a fim de torná-los cada vez mais esmerados. Sua poesia social tinha como tema central o combate à escravidão e sua poesia lírica elegeu como temas a loucura e a morte, temas que, a bem da verdade, eram comuns à época, mas ele, especialmente, os viveu na carne: além da certeza da morte que a tuberculose lhe dava, um irmão do poeta já havia se suicidado após um período de tratamento mental. Mas apesar de ter a morte como tema, ele foi diferente dos poetas da geração romântica que o antecedeu, pois seus poemas deixavam transparecer uma vontade enorme de viver.
A vontade do poeta não era a de ser conhecido como o poeta dos escravos, mas sim como o poeta da liberdade. Lutar contra a escravidão e pela liberdade de todos os homens era uma razão de existência para Castro Alves.
Amar e ser amado
Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento:
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano —,
Beijar teus dedos em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante — amado —
Como um anjo feliz... que pensamento!?
(Castro Alves)