“A Carne”, de Eliza Soares

“A Carne", da cantora Elza Soares, é um desabafo que expõe a injustiça e o sofrimento de um povo que foi explorado ao longo da história e que ainda enfrenta o peso do racismo. Quando Elza canta “A carne mais barata do mercado é a carne negra”, ela demonstra uma realidade dolorosa, a desvalorização e o desprezo pelo corpo negro em nossa sociedade.

A música nos faz refletir sobre como o racismo, que começou com a escravidão, continua na atualidade. Hoje, ele aparece em formas diferentes, como a exclusão, a violência e a desigualdade. A frase inicial da canção é impactante, nos obrigando a enxergar uma verdade que muitos preferem fingir que não existe.

Elza Soares, com sua voz cheia de emoção e história, coloca ainda mais força à mensagem da música. Quando ela diz “desde pequeno, você aprende a ser gente”, há uma dor profunda por trás dessas palavras. É o reflexo de uma sociedade que, desde cedo, ensina as pessoas negras a se moldarem, a se esconderem, a provarem seu valor para serem respeitadas. Isso mostra como o racismo não é só sobre pobreza ou exclusão, mas também sobre feridas emocionais que passam de geração em geração.

Os ritmos da música, como o samba e o funk, trazem a força e a resistência da cultura negra. Esses estilos nasceram nas periferias, em lugares onde o racismo tenta apagar vidas, mas que também são cheios de luta e esperança. A própria Elza é símbolo dessa resistência, sua trajetória difícil, marcada pelo preconceito, faz com que sua voz seja ainda mais verdadeira.

"A Carne" nos faz pensar, por que o racismo ainda define tanto as oportunidades de alguém e como corpo negro ainda é visto como inferior? A música nos tira da zona de conforto e nos faz perceber que, enquanto essa realidade continuar, estaremos permitindo que injustiças se repitam.

Ao mesmo tempo, "A Carne" não é só sobre dor, ela também é sobre força. É um lembrete de que, mesmo diante de tanto sofrimento, há luta e esperança. Elza Soares nos desafia a não ignorar essas questões e a agir para mudar. Porque enquanto a carne negra continuar sendo a mais barata, estaremos falhando como sociedade.