Incompetência Premiada

“Incompetência premiada”

Quase todos desejam uma vida linear. Algo ou alguém que seja controlado e controlável. Na política, fazer o sucessor é a regra para se manter no poder. Nas relações humanas, manter o relacionamento morno, sem grandes variações, não perturba.

Se meu partido tem direito a uma vaga na secretaria, colocarei um sujeito que eu possa monitorar. Burro e fiel. Como um marido cozido em fogo brando. Não é cru, mas também não ferve. E assim a cozinha se mantém em ordem.

Mas como resolver as crises? Se tecnicamente o próprio chefe não conhece o ramo? A origem do drama vem da escolha. Desde o começo do namoro, você quer essa pessoa por que ela lhe serve ou porque você serve a ela? Parodiando o meu querido e mítico xará, John F. Kennedy; “não me pergunte o que o país pode fazer por você, e sim o que você pode fazer pelo país”.

Sim, meus queridos. O bem comum está sendo deixado de lado. A construção de uma sociedade melhor está sendo trocada por motivos espúrios. E as pessoas, idem. Botamos do nosso lado simplesmente um pastel. O que não incomoda. O que não questiona. O que é vazio, cheio de ar. Dê poder a um homem e verá quem ele realmente é. Outra máxima verdadeira.

Se o pastel vazio tem poder ele somente irá realizar aquilo que é do seu conteúdo, ou seja: nada. O erro está em permitirmos essas jogadas. Se for um funcionário de carreira, se é um expoente na minha área de atuação eu posso e devo enfrentar meu inepto comandante. Ama-se o que faço e amo a quem eu me dedico. Devo dar o exemplo do carinho e da dedicação.

Por exemplo: se você chega cedo no trabalho e cobra a presença do omisso, ou ele vem para a área ou ele vai-se embora de vez. Vale para o casamento. Cobrar sem pressionar. Exemplificar sem ratificar. Ir atrás do que quer sem machucar. A força está na ação, e não nas palavras.

Seria impossível retirar o incompetente do cargo? Claro que não! Se o mesmo é pressionado, como todo fraco, recua. Foge. E vai para outros lados. Até perceber que não se encaixa naqueles modelos. O homem que não tem paixão, ou pulsão, ou “pegada”, acaba desistindo. Sempre. Um ou outro apela, pois a “mamata” está sendo perdida, claro.

A arte do vazio está sendo exercida no mais alto grau. Empurra-se com a barriga o que deve ser resolvido de imediato. Ou será que alguém pode liderar sem dar o exemplo? Sem se omitir? Ou será que alguém pode amar sem se aproximar? Sem a entrega?

Na política, assim como nas paixões, só se soluciona os fatos com motivos imperiosos. Duvido que um chefe qualquer permaneça no cargo se lhe é cobrado posicionamento, opiniões, diuturnamente.

E se desejamos mudar. Que além da boa escolha, que ela seja testada. Quais os antecedentes desta pessoa? Ela é realmente competente? Qual a sua formação? Ela gosta do que faz?

Educação é a chave. Cidadania, a prática. Você não vai mudar o mundo, mas pode mudar o mundo à sua volta. O trabalho produtivo enriquece. Preenche. O desocupado, cria crises. Eduquemos e criemos formas de exercer cidadania. Desde o mais simples toque repetido no botão do elevador (depois que ele já foi apertado, pra que repetir?), até estacionar o carro de ré, de modo retilíneo, na última vaga, para que os atrasados tenham facilidade de se comporem, passando pelas verdadeiras portas da competência, que são: o saber, a vontade e a paixão.

Finalizando, se você percebe no seu superior hierárquico, o conhecimento de causa, ele discutirá e responderá a você, inclusive se errado estiver. Se o mesmo mantiver a vontade firme, como a sua, chegarão a um senso comum, obrigatoriamente. E –acrescento- se os olhos brilharem quando falar de um projeto, por mais simples ou complexo que seja, verá que o que move esse indivíduo é a paixão. E quando se gosta, faz tudo. E bem.

JB Alencastro

JB Alencastro
Enviado por JB Alencastro em 10/01/2008
Código do texto: T810883
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