Arctic Monkeys Live at Kings Theatre [2022], ou 'É melhor ter uma bola de espelhos para mim: A jornada do Arctic Monkeys compactada em um show'.

"Don't get emotional, that ain't like you" é a frase que inicia o sétimo álbum dos Arctic Monkeys, o elegantíssimo 'The Car'. Eu diria que, para aqueles que acompanharam e apoiaram a evolução da banda, é impossível não se emocionar.

Depois do álbum de 2018, o experimental e divisor de opiniões 'Tranquility Base Hotel & Casino', Alex Turner parece ter deixado a Lua de lado para nos oferecer uma coleção de canções sobre situações intimistas e nostálgicas. O setlist desse show vai para além das músicas novas, a banda, ao revisitar números mais antigos, parece performar covers de suas próprias canções.

Já podemos concluir que existe o Arctic Monkeys antes e depois do álbum que catapultou a banda ao status de "estrelas do rock", o AM. Observamos gradativamente, na carreira do Alex Turner, um vocalista que canta sobre a vida noturna de Sheffield para um vocalista que narra uma inauguração de um restaurante lunar. Pois é, acho que a superfície terrestre começou a ser insuficiente para esses rapazes ingleses.

A cadência hiper veloz - mas não menos eloquente - das palavras do Alex Turner foram gradativamente substituídas por suaves prosas da Riviera Francesa. O que fez um jovem ir de tropeços vocais e atropelamentos sônicos em ‘I Bet That You Look Good on the Dancefloor’ ao refinamento efervescente de 'There’d Better be a Mirrorball'? Eu diria que foi a vida e sua natureza volúvel. Dito isso, só tenho a agradecer essas mudanças proporcionadas pelo tempo.