As línguas de Olavo Bilac e Caetano Veloso
Segundo Caetano o fato da miscigenação lingüística só prova que o povo brasileiro tem uma diversidade cultural aflorada e visível. Ainda assim o mesmo acredita em uma língua mátria, independente do que pensam ou não os portugueses, contudo ele também ressalta que a língua brasileira não foi herdada como dádiva, nem como ato de heroísmo, apenas fomos submetidos a falar ou a fingirmos que aceitamos o português de Portugal como língua matriz. Que de tão pobre no Brasil ficou vulgarizado na boca dos “pobres brasileiros”, a consciência da língua além de corrompida foi mistificada, foi arrebatada. Observa-se em cenas do nosso cotidiano que o brasileiro é subestimando a ouvir e falar todos os contingentes da linguagem portuguesa. Muita mistificação, muitas perguntas e poucas respostas...
”Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa”
(Trecho-Língua Portuguesa – Caetano Veloso)
Olavo Bilac foi fiel a sua pátria e sutil ao falar da língua natal, declarando o amor por ela sem medir fronteira, percorrendo seus horizontes de forma sensível e humana. Apos análise profunda da língua portuguesa, Olavo também expões em seu poema a influência do latim em nossa língua que muitas das vezes nem nos importamos, mas que com certeza fez a diferença na construção do país.
“Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!”
(Trecho-Língua - Olavo Bilac)
A língua trazida por Cabral e mistificada aqui largou mão dos conceitos sigularistas com José de Alencar e outros romancistas que fizeram uma verdadeira revolução ao tratar língua portuguesa no Brasil. Tanto Olavo como Caetano exalta no sentimento nacionalista, e tentam mostrar que a língua nacional é a parte fundamental da identidade cultural de um povo. Mais de 200 milhões de falantes de uma língua que muito se sugere, mas poucos têm a ousadia de afirmar a sua definição historicamente falando quando se trata do “português do Brasil”.