The Office, a série que me deixou saudades
The Office me pegou de jeito.
Simulando um documentário sobre o dia-a-dia de um escritório, sempre entendi que a série era sobre os estereótipos do ambiente profissional, ou seja, simplesmente uma série de humor, feita de caricaturas de carne e osso. Me coloquei a assisti-la sem muito compromisso, mas ao final de cada episódio eu já queria ver o próximo, intuindo que ali havia algo mais do que fazer piada das relações de trabalho.
Seu humor é muito singular e cheio de sutilezas, e muitas vezes você precisa percebê-lo por sua conta. Apesar das situações ridículas e constrangedoras virem uma atrás da outra, nem sempre a piada é jogada na sua cara, como nos momentos mais “pastelão”. É preciso, claro, que o telespectador seja tocado por este humor através de suas próprias referências, como por exemplo, ser familiarizado com esse tipo de ambiente ou conhecendo pessoas que tenham aquelas personalidades, cujas características são exacerbadas.
Já ouvi gente comentando que não conseguiu ver a série por não aguentar tanta vergonha alheia que os personagens enfrentam – e que é transmitida a quem assiste. Mas nada é desrespeitoso, pelo contrário, o alvo da piada é justamente a falta de noção que todo mundo ali tem em algum nível – alguns até demais. Preconceitos de todos os tipos e outras “mancadas” aparecem a todo momento, porém, comportamentos condenáveis são fruto muito mais da ignorância do que da maldade. A maldade mesmo está mais presente na rivalidade profissional, mas também de forma muito espalhafatosa. É como se a série nos avisasse: “Olha como isso é feio! Por favor, não seja igual a ele/ela!”. Embora este seja o ponto principal do seu humor, a série também se sustenta nas amizades e relacionamentos entre esses colegas. Com essa receita, fica fácil se envolver e ficar curioso sobre o que acontecerá no próximo capítulo.
Apesar de já ter muitos anos e alguns detalhes estarem ultrapassados (como por exemplo, a forma de usar o celular), isso não atrapalhou o aproveitamento das situações. E o fato de os episódios terem somente vinte minutos de duração foi crucial para que eu assistisse todas as temporadas, o que foi muito gratificante, pois ela terminou muito bem. Ao longo da série, a simpatia e a antipatia pelos personagens vão trocando de lugar, ora para um, ora para outro, mas no final, prevaleceu o que cada um tinha de bom, o que todos tinham em comum (a convivência), sem perder suas características mais marcantes. A vergonha alheia deu lugar à satisfação.