Nana: um mangá da vida real
Quem se interessa por mangás shoujo(para moças) que falem de dramas da vida real e mostrem personagens bastante humanos em suas inseguranças e incertezas com certeza achará o mangá Nana, criado por Ai Yazawa, uma boa opção. Nana é uma história comovente, cheia de momentos engraçados e dramáticos, que aborda a luta pela felicidade e a busca pela realização pessoal. Não há vilões e mocinhos, pois todos os personagens são pessoas comuns – cheias de qualidades e defeitos como qualquer outra pessoa- que o leitor sentirá que pode encontrar no seu cotidiano.
O mangá conta a história de duas moças que têm o mesmo nome, Nana*. Uma se chama Nana Komatsu e a outra, Nana Oosaki. Embora tenham o mesmo nome, ambas são bastante diferentes. Enquanto Nana Komatsu é infantil, insegura e volúvel, Nana Oosaki, que teve uma infância e adolescência difíceis, é batalhadora e realista. As duas vivem em cidades pequenas e têm histórias muito diversas. Nana Komatsu é a filha do meio e cresceu em uma família estável e amorosa, enquanto Nana Oosaki, - que nunca conheceu o pai e foi abandonada pela mãe - foi criada por uma avó severa que nunca lhe deu afeto. A diferença de personalidade se reflete principalmente nas maneiras como elas se vestem. Nana Komatsu tem cabelos compridos e se veste de maneira romântica, usando cores pastel e Nana Oosaki usa cabelos mais curtos e roupas de estilo roqueiro, visto que sonha ser cantora.
No primeiro volume do mangá, vemos as histórias das duas moças se desenrolando separadamente cada uma na pequena cidade em que vive. Nana Komatsu vive às voltas com desventuras amorosas, pois se apaixona facilmente à primeira vista e não sabe o que quer da vida, chegando ao ponto de tentar entrar numa faculdade de Artes em Tóquio apenas para ficar perto dos amigos e de Shoji, o rapaz por quem se apaixonou enquanto Nana Oosaki, que batalha como vocalista de uma banda chamada Blast, tem um namorado firme e fica decepcionada quando seu namorado, Ren, é convidado para se juntar a uma outra banda em Tóquio. Assim, a história vai se desenrolando até que cada uma das duas Nanas decide que irá a Tóquio atrás de seus sonhos e de sua felicidade. Nana Komatsu deseja se unir ao namorado e Nana Oosaki quer continuar lutando pelo sonho de ser cantora.
Em princípio, é mais fácil gostar de Nana Oosaki que, por ter enfrentado preconceitos e ter sido criada sem amor pela rígida avó, é mais “pé no chão” e tem uma personalidade mais forte e decidida, ao passo que Nana Komatsu, que nunca enfrentou muitas dificuldades, é avoada, só pensa em como arrumar namorado e chega a irritar com seu jeito imaturo e mimado e sua personalidade dependente. Porém, ela também é engraçada com suas infantilidades e sua mania de achar que seu nome, por significar o número sete, só traz azar e que, devido a isso, ela não tem sorte no amor. É bastante engraçado ver como ela se apaixona fácil e deseja viver um grande amor como nas histórias românticas.
Como será quando essas duas moças de nome igual mas de histórias e personalidades distintas finalmente se encontrarem? Será preciso ler o mangá ou acompanhar o anime para ver o encontro delas, o desenrolar de uma amizade e também a maneira como cada uma se vê forçada a amadurecer para enfrentar os inevitáveis desafios trazidos pela vida. Pouco a pouco, sem nos darmos conta, vamos nos envolvendo com as histórias das moças de nome Nana, a maneira como elas vão em busca da felicidade, cometendo erros, caindo e tropeçando como acontece com toda pessoa na vida real. E, por causa disso, podemos dizer que Nana é um mangá recomendável para quem aprecia uma boa história.
*Nana significa sete em japonês