Brasileiros não leem e escrevem mal

Escrever bem e escrever certo deve ser o compromisso e o desejo de todos quanto almejam uma boa colocação no mercado de trabalho - ou daqueles que utilizam a escrita para se comunicar ou emitir opiniões.

O problema é o fato de muita gente – até mais do que se possa imaginar – saber pouco e não ter familiaridade com a escrita. Assim sendo, costuma tropeçar na gramática na hora de produzir uma redação do vestibular ou mesmo num teste de seleção de emprego.

Número significativo de jovens que buscam vagas no mercado de trabalho esbarram nesse quesito: o escrever correto é a sua maior barreira. Confundem-se na grafia e na terminologia das palavras; acentuam errado, cometem equívocos na pontuação.

É desses deslizes e tropeços no uso da língua materna que trata o texto "As arapucas da grafia torta", publicado na edição nº 85 da Revista Língua, da Editora Segmento. Os autores da matéria, os jornalistas Carmen Guerreiro e Josué Machado, fazem um relato das dificuldades encontradas pelos jovens na hora da escrita. A publicação é antiga, de 2012. Mas, mesmo onze anos depois, continua atual.

O exemplo central apresentado pelos jornalistas para abordar o assunto, é uma vaga para estágio que ficou aberta por um ano, no Núcleo Brasileiro de Estágios Ltda. (Nube). Motivo: os candidatos eram atropelados pela gramática na hora do ditado. Um deles, estudante de graduação numa instituição conceituada de São Paulo, errou 28 das 30 palavras ditadas. Dos 1.200 candidatos, pelo menos a metade errou mais de seis vocábulos. Somente 2% escreveram corretamente todos os vocábulos ditados.

Chama mais a atenção, o fato de as palavras ditadas no teste de seleção serem utilizadas normalmente no dia a dia das pessoas, como: assepsia, desajeitado, exceção, hediondo, majestosa, seiscentos e superstição entre outras. Os deslizes na escrita ocorrem também no desconhecimento e uso incorreto de "mais" ou "mas"; "mal" ou "mau"; ou ainda na acentuação - na sílaba errada ou com a troca do acento. Resumindo: os jovens falam, mas não sabem escrever. Os erros ocorrem por falta de atenção e, principalmente, porque eles não leem, não exercitam, não praticam.

Na matéria os jornalistas trazem, ainda, resultados de pesquisas sobre leitura no Brasil e apresentam comentários de profissionais do Nube e da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) acerca desse mau hábito dos jovens, de não ler. E, por consequência, não saberem escrever.

Como se isso não bastasse, os jornalistas citam o resultado de uma pesquisa realizada pelo Instituto Pro-Livro, com 5 mil pessoas em todo o Brasil – dos quais 145 são professores. Destes, apenas três garantiram ter, no seu tempo livre, o gosto pela leitura.

A matéria é muito bem construída; com ilustrações e a fotografia de uma página do ditado feito pelo Nube (com apenas dois acertos de um candidato). Traz, ainda, um quadro com "As 10 armadilhas ortográficas - As razões para os tropeços que atormentam os brasileiros" e outro quadro com "Os erros comuns dos vestibulandos", tendo como fonte o Sistema Anglo Vestibulares.

Merece a leitura e reflexão. Está claro que esse grande exército de não leitores e não escreventes existe por dois grandes motivos, os quais estão interligados: 1) os jovens não são estimulados a ler; 2) quem deveria incentivá-los (os professores) não o fazem porque também não apreciam os livros.

Isso é preocupante, quando se sabe, há tempos, como leem pouco os brasileiros. De acordo com pesquisa do Instituto Pro-Livro, 30% da nossa população nunca compraram um livro e a média de leitura é de 2,43 livros por habitante/ano, uma quantidade baixa se comparada com a França (sete livros/ano), os Estados Unidos (5,1 livros/ano) e a Inglaterra (4,9 livros/ano).

Apavora ainda mais, o resultado de um levantamento realizado pelo Banco Mundial (Bird) apontando que os estudantes brasileiros levarão 260 anos para atingir a quantidade de leitura dos estudantes dos países desenvolvidos.

É por esta e por outras razões que precisamos incentivar a leitura dos nossos jovens. Não é fácil, mas tudo dependerá do primeiro passo. O exercício e a prática devem ser adquiridos dia após dia.

ALEXANDRE ACIOLI
Enviado por ALEXANDRE ACIOLI em 09/02/2023
Código do texto: T7715459
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