AFTER SCHOOL OF THE EARTH volume 1: a Terra vazia

AFTER SCHOOL OF THE EARTH volume 1: a Terra vazia

Miguel Carqueija

 

Este mangá é de autoria do mesmo criador de “Blue drop” (A gota azul), que virou um animê de qualidades.

A presente história, dividida em seis volumes, é menos interessante, no meu entender. Fala de uma situação ao mesmo tempo absurda e terrificante. Estranhos seres, negros como piche e rastejantes, parecendo umas lesmas com braços e cabeça, mas com formas bastante maleáveis, aparecem pelo mundo sugando as pessoas. Parece que não há defesa possível e em decorrência disso em pouco tempo toda a humanidade some da face da Terra — com pelo menos quatro exceções, as três garotas e o rapaz da trama.

As garotas são as adolescentes Sanae e Yaeko e a mais criança Anna, e o garoto Masashi, de 17 anos, o mais velho do quarteto. Não são parentes e nem se conheciam. O mangá não mostra isso, mas apenas faz referência (ao menos no primeiro volume): Masashi vai encontrando as garotas e torna-se protetor delas, com seu senso prático e gentileza.

 

Resenha do mangá de Akihito Yoshitomi. Editora JBC, São Paulo-SP, 2014. Akita Publishing Co., Ltd., Tokyo, Japão, 2010. Tradução: Karen Kazumi Hayashida. Título original: “Chikyuu no Houkago”. Volume em seis atos.

 

 

 

“Atualmente, na Terra só sobraram nós. A Terra sem mais ninguém é como se fosse um eterno período depois da aula.”

(Masashi)

 

“Provavelmente a Terra só está descansando um pouco agora.”

(Masashi)

 

“Tenho certeza de que todos vão voltar.”

(Masashi)

 

“Mas e se as pessoas não voltarem mais?”

(Yaeko)

 

A história é inocente apesar das malícias das garotas, que brincam de erotismo. Sanae, de óculos, e mais pudica, fica sendo zoada pelas outras, a ponto de Yaeko dizer para ela: “Por que raios o único homem da Terra não dá nenhuma bola para estes peitos?” E Sanae, que tem os seios maiores e se cobre mais, fica chateada e diz: “Por que a conversa sempre acaba caindo em peitos?”

Mas apesar dessas conversas mais cômicas que eróticas, são personagens inocentes — é só comparar com as novelas e os humorísticos da tv brasileira.

A situação do grupo é singular, mas o procedimento de Masashi é exemplar. Ele não parece interessado em namoro com nenhuma delas e as trata como irmãs. Ele também acredita que as pessoas irão retornar. Enquanto isso o grupo tem o mundo — ou pelo menos Tóquio — à disposição. Por outro lado, acontecem estranhos fenômenos temporais: Masashi encontra sua irmã desaparecida Kiyomi, que lhe diz: “Logo logo a gente vai poder se ver de novo...” Sanae encontra sua avó. São encontros efêmeros. Esse mistério se soma ao dos “phantons”, como foram apelidados os seres invasores.

 

Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2022.