“X” volume 13: a sensibilidade de Yuzuhira e a nefasta semelhança com Watchmen

 

“X” volume 13: a sensibilidade de Yuzuhira e a nefasta semelhança com Watchmen

Miguel Carqueija

 

Este tomo 13 da série “X” traz alguns lances mais interessantes e até filosóficos, principalmente envolvendo a adolescente Yuzuhira, quando é confrontada com a pergunta “por que não se pode matar seres humanos” e não é capaz de contornar as maliciosas argumentações de Yuto, de que os seres humanos matavam seres vivos, comiam carne etc. E por causa disso o cachorro de Yuzuhira, Inuki, acaba sendo morto (achei uma passagem bem cruel).

O “X” do título refere-se claramente ao conflito, quer dizer “versus”. E cada volume traz na capa menção a um dos duelos. É um recurso singular, e a história é densa, porém muitos detalhes são questionáveis. Por exemplo, o excesso de destruição em Tóquio deveria estar chamando a atenção do mundo inteiro e provocando pânico geral, mas nada se diz a respeito (os japoneses adoram destruir Tóquio nas suas histórias de terror...). Também não dá para entender porque os tais “dragões da terra” fazem tanta questão de destruir as barreiras que protegem Tóquio afim de iniciar a destruição da humanidade, com o argumento de que a raça humana destrói a natureza, se eles próprios irão morrer.

 

Resenha do volume 13 de “X”, da CLAMP, “Seichiro X Sakurazuka”. Editora JBC, São Paulo-SP, sem data. Editora Kadokawa, Tóquio, Japão, 1992. Tradução: Arnaldo Massato Oka. História e roteiro: Nanase Ohkawa. Desenhos: Mokona Apapa. Direção de arte: Mick Nekoi. Assistente de arte: Satsuki Igarashi. Capa de Mokona Apapa.

 

“A resposta para: “Por que não se pode matar seres humanos?” é: “Porque existem pessoas que choram pela morte deles.”

(Kusanagi)

 

“Mas isso não vale só para seres humanos. Não se pode matar seres vivos. Isso porque sempre tem alguém que vai ficar triste.”

(Kusanagi)

 

“Não existe nenhum ser vivo que não mereça a nossa tristeza na hora da sua morte.”

(Kusanagi)

 

Mas o que estraga este volume é o caso de Karen Kazumi, um dos “dragões do céu” e aliada de Kamui, que afirma não ter quem por ela chore. No final do volume há uma historieta em apêndice, simplesmente horrível, que mostra a trágica infância de Karen, brutalmente espancada pela mãe por causa dos seus poderes pirotécnicos. As cenas são chocantes, violentas, e me lembraram as baixarias de “Watchmen”.

Há muito exagero em “X”.

 

 

Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2022.