Santa Rosa de Lima em quadrinhos

SANTA ROSA DE LIMA EM QUADRINHOS

Miguel Carqueija

 

Resenha da revista “História de Santa Rosa de Lima”. Editora Brasil-América Ltda. (EBAL), Rio de Janeiro-RJ, março de 1956. Série Sagrada nº 31. Orientação do Cônego Antonio de Paula Dutra.

 

Os quadrinhos em preto-e-branco da Série Sagrada marcaram época e hoje, neste secularismo desenfreado, parece impossível uma publicação como essa em nossas bancas. A Série Sagrada era apresentada como uma revista “para todas as idades”, dirigida por Adolfo Aizen e, conforme o expediente da revista, a EBAL era “especializada em publicações para rapazes, moças e crianças”.

Pensemos no quanto perdemos. Hoje as bancas e revistarias acham-se tomadas por jornais tóxicos, revistas horrorosas de super-heróis e revistas de fofocas e futilidades.

Rosa de Lima nasceu em Lima, no Peru, em 1586 e faleceu em 1617, sendo canonizada pelo Papa Clemente X em 12 de abril de 1671. É considerada padroeira da América, Filipinas e Índias Orientais. Durante séculos foi das poucas santas americanas, reconhecidas como tais.

Segundo o artigo que abre a revista, chamada “a flor mística da América”, Rosa (nascida Isabel) possuía estes dons: “a) dom da profecia e de ler nos corações; b) dom de operar milagres e c) dom de se entregar a êxtases por períodos regulares que oscilavam entre 48, 72 horas e mais”.

Konrad Guenther, no seu livro “A Natureza, milagre de Deus”, compara-a, por seu amor aos animais, a São Francisco de Assis e Santo Antônio de Pádua.

Voltando à revista, lá está consignado: “Foi assim que, certa vez, entre outras, ela se sentou à sombra das árvores do seu jardim e, como São Francisco de Assis, pôs-se a convidar as avezinhas do céu para que entoassem com ela as benditas obras do Altíssimo”.

Como outras almas místicas, desejosas de participar nas dores e aflições de Jesus Cristo, Rosa de Lima praticava penitências e mortificações espantosas para o comum das pessoas, como carregar um tronco de árvore “de um lado a outro do jardim, até cair extenuada” — para imitar o sacrifício de Jesus carregando a sua cruz.

Talentosa, Rosa sabia cantar e tocar harpa e cítara, mas cantava louvores a Deus.

É pena que os desenhos da história em quadrinhos, muito bem feitos, não estejam creditados. Quem será que desenhava? Mas, infelizmente, isso era comum nos quadrinhos daquela época. Também não é creditado o roteiro. É provável que tenha sido alguma freira ou algum religioso que, por humildade, não quisesse assinar. Pelo tempo decorrido, não deve mais ser possível saber ao certo.

 

Rio de Janeiro, 1º de agosto de 2022.