Capa do volume 3: En Nonomiya e suas três principais amigas comemoram a vitória na luta pela liberdade. Na blusa de En o logotipo co Colégio Bijinzaka.

 

 

COLÉGIO FEMININO BIJINZAKA volume 3 (final): quando nasce a líder

COLÉGIO FEMININO BIJINZAKA volume 3: quando nasce a líder

Miguel Carqueija

 

En Nonomiya é uma personagem sensacional sob vários aspectos. Destemida, decidida, lutadora, tornou-se em poucos meses a líder do seu colégio, ao qual passou a amar e se fez um ícone.

O último volume mostra como En consegue superar tudo galhardamente, porém a sequência mais impactante é a do Retiro Bijinzaka, um pavilhão isolado onde existe a sinistra “sala de penitência”, um aposento fechado, só com uma janela no alto, sem móveis e uma porta à prova de som. Quando o tio e atual tutor de En, Shu Okamoto, é chamado para falar com a Professora Tetsuko Anekoji, por conta das queixas contra En, esta é atraída para uma armadilha no Retiro. Uma mensagem anônima a chama para lá, dizendo saber a razão de Chihiro ter rompido com ela, fato que também ocorre neste terceiro volume. O maquiavelismo de Sayoko Ujiie age num grande leque: manipula o comitê, a diretoria e vários alunos do Colégio Jouyama, com seu dinheiro faz de vários deles capangas e para atingir En prende em sua mansão os dois rapazes mais importantes de sua vida: o namorado Chihiro Narushima e o amigo de infância Yohei Jinbo. Aliás, a mania de Sayoko de sequestrar os outros é caso de reformatório, mas ninguém a denuncia.

A mangaká Mayumi Yokoyama é muito criativa com suas adolescentes de forte personalidade, que viram o jogo e perseguem seus ideais. Não são perfeitas mas possuem corações românticos. E é perfeito o enquadramento das narrações paralelas onde a professora, surpresa com o charme de Chu e por ficar sabendo que a falecida irmã deste e mãe de En é Ritsu Okamoto, conta a Chu o que aconteceu no passado, quando Ritsu, por manter um namoro fora do colégio (do qual veio a casar e gerar En), é posta na sala de penitência e como de lá ela escapou misteriosamente. Esta sequência alterna com a de En atraída para aquela sala, sendo trancafiada por quatro garotas do Comitê de Moralidade e entrado em desespero. Porém acaba descobrindo na parede, coberto por caliça, um recado de sua mãe: “Vai ser derrotada? Faça como eu!” E uma seta apontando o caminho de fuga pelo assoalho. En escapa e retorna ao local, onde as quatro bandidinhas cantavam vitória sadicamente, achando que En logo iria pedir misericórdia.

Quando En lhes surge por trás, a cena é tão “horripilante” que não é mostrada na HQ: o quadrinho mostra apenas a parte externa do pavilhão e os gritos das quatro, surradas pela En Nonomiya. A raiva de En deu para as quatro.

 

En Nonomiya sorri ironicamente um momento antes de partir para cima das quatro garotas que a prenderam na "sala de penitência". Como desforra não é o mesmo que vingança, após o "massacre" ela não perseguirá suas inimigas. O suor no rosto resultou do esforço para se libertar.

 

Resenha do volume 3 (final) do mangá “Colégio Feminino Bijinzaka”, de Mayumi Yokoyama. Editora Panini, Barueri-SP, junho de 2007. Tradução: Ricardo Cruz. Título original japonês: “Shiritsu! Bijinzaka Joshi Koko”. Editora Shogakukan, Tóquio, 2004. Neste volume: 4 episódios (9 a 12).

 

O triunfo do amor: En e Chihiro se reconciliam após derrotarem a manipulação de Sayoko.

 

 

“O fato é que ninguém gosta de mim de verdade. Por isso, só me resta forçar o rompimento das relações alheias.”

(Sayoko Ujiie)

 

“Por que será que ela ainda continua gostando de mim?”

(Chihiro Narushima)

 

“Obrigada... mamãe!”

(En Nonomiya, após se desforrar das inimigas que a prenderam)

 

“Superar a própria fraqueza faz você adquirir a verdadeira força.”

(En Nonomiya)

 

“Mesmo com esta dor no peito... mesmo assim, só me resta seguir em frente.”

(En Nonomiya)

 

“Agora esta escola é tudo o que eu tenho.”

(En Nonomiya)

 

 

Surge a verdadeira líder do Colégio Bijinzaka: En Nonomiya convoca as alunas para defender o colégio.

 

Quando enfim surge como uma bomba a notícia de que o Colégio Bijinzaka vai acabar, instala-se o terror entre as colegiais. Os pais de Sayoko estavam negociando o casamento da filha com o filho de um ricaço, um estudante do Jouyama. Sayoko não gostou do “noivo” e aí correu o boato de que o pai do rapaz, por vingança, ia comprar o Bijinzaka e transformar o local num conjunto residencial.

O pânico toma conta das alunas e elas recorrem às duas líderes: En e Sayoko. Esta, recusando aliança com En, vai ao Jouyama entregar-se ao noivo para impedir a destruição do Bijinzaka. En, porém, prefere agir de outra maneira e com um megafone, como uma verdadeira líder, convoca as alunas do Bijinzaka para invadirem o Colégio Jouyama e se imporem. Chihiro e Yohei, tendo escapado do cativeiro, já lá estavam por conta própria, dispostos também a confrontar os inimigos.

É bonita a maneira como En luta pelo seu amor por Chihiro e desta luta evolui para a defesa de toda uma comunidade. Apesar de alguns escrachos e exageros da história e certo relaxamento gráfico, o saldo é positivo, ainda que o traço de Mayumi não seja dos melhores, sem embargo da expressividade das feições de En Nonomiya.

 

Rio de Janeiro, 5 e 6 de julho de 2022.

 

A nobreza de En Nonomiya: diante da ameaça externa, até sua inimiga Sayoko ela defende.