A emancipação da mulher contemporânea e o cigarro

E aqui temos uma frase publicitária, dos anos 30/XX, tirada da enciclopédia Abril ao falar sobre emancipação feminina:

"Não há mais belo destino para um cigarro do que luzir como um astro nos labios de uma bonita mulher".

RESUMO DE TESE ACADEMICA. "A emancipação da mulher contemporânea e o cigarro": Rafaela Gil RIBEIRO , Rodolfo Rorato LONDERO. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR . Objetivo: Compreender a relação entre o consumo feminino de cigarro e o contexto de emancipação da mulher, a partir da década de 1920. O cigarro se transforma, em um objeto ideal para a criação de apelos subjetivos ao comportamento feminino. Introduziu-se o hábito tabagista entre as mulheres, superando o tabu do consumo feminino de cigarro em público. A partir das primeiras décadas do século XX, o cigarro começa a abandonar sua representação negativa em relação ao consumo feminino e se transformar em símbolo de resistência da mulher moderna. Fumar tornava-se, para as mulheres, um meio de desafiar às convenções sociais norteamericanas. Percebendo o fumo feminino como uma nova onda de comportamento de massa, identificou esse contexto como oportunidade para duplicar a venda de seus produtos. Em 1929, no tradicional desfile festivo realizado no domingo de páscoa, na Quinta Avenida, um grupo de mulheres partiu em direção às ruas para protestar contra a desigualdade de gênero, mas ao invés de carregar cartazes, elas seguravam cigarros em suas mãos (AMOS; HAGLUND, 2000). A marcha Torches of Freedom, depois comparou o cigarro à tocha segurada pela Estátua da Liberdade. Estratégia de publicidade para a propagação direta de padrões de beleza da época e, consequentemente, o aumento das vendas de cigarros ao público feminino. A publicidade tabagista também se apropria de inseguranças da anatomia feminina. O argumento do anúncio é que os homens da época também estavam fumando luckies ao invés de comer doces, portanto, uma forma de desafiar o patriarcado é se igualar a eles em situações comportamentais. Fotos de modelos magras parisienses de alta costura foram enviadas para repórteres e chefes de indústria, com a intenção de cativar a indústria da moda. Os norte-americanos, por muitas vezes se espelham em celebridades e seus estilos de vida, transferindo o significado do produto à imagem da pessoa famosa (MCCRACKEN, 2005). A publicidade se apropria de movimentos sociais para vender produtos e estilos de vida. No século XXI, ainda é possível notar anúncios que colocam o corpo da mulher como objeto de consumo e poder.

https://portalintercom.org.br/anais/nacional2017/resumos/R12-0398-1.pdf