X volume 2: fuga e retorno

X volume 2: fuga e retorno

Miguel Carqueija

 

“X” pode ser considerada uma série adulta, onde não faltam personagens sarcásticos e não obstante, sem a mínima graça, como Sorata Arisugawa e Yuto Kigui, que travam combate paranormal no final do volume 1 e no início deste 2, acabam se apresentando e aparentemente ficando amigos. Além disto, infelizmente nesta tradução aparecem gírias que não ajudam em nada. Agora imaginem dois sujeitos possuidores de habilidades paranormais dialogando em plena luta desse jeito: “Sou um sangue bom que agora estuda no segundo colegial” e “Sou apenas um funcionário público comum que trabalha numa repartição pública local”.

 

Resenha do volume 2 de “X”, da CLAMP, “Hinoto”. Editora JBC, São Paulo-SP, sem data. Editora Kadokawa, Tóquio, Japão, 1992. Tradução: Arnaldo Massato Oka. História e roteiro: Nanase Ohkawa. Desenhos: Mokona Apapa. Direção de arte: Mick Nekoi. Assistente de arte: Satsuki Igarashi. Capa de Mokona Apapa.

 

“Isto aqui... é a Terra!”

(Kamui)

 

“Onde será que Kamui esteve nesse tempo todo?”

(Kotori)

 

“Está para começar a batalha que irá decidir o destino da humanidade.”

(narração)

 

O caráter apocalíptico e transcendental de “X” é ostensivo, ainda que não siga uma orientação cristã mas provavelmente xintoísta, que é a religião dominante no Japão. Há cenas fortes, mortes violentas, e subjaz a idéia de seres sobre-humanos — como os “sete selos” e os “sete anjos” (referências cristãs: o Apocalipse) mas de mistura com simbologias do Extremo Oriente.

Kamui está longe de ser simpático. Em tese ele parece ter sido escolhido para salvar a Terra da destruição, mas é fechado em si, agressivo e pouco comunicativo. Nem se vê, por ora, como ele pode ser um personagem messiânico, pois eu ainda não consegui enxergar grandeza nesse sujeito.

Este volume introduz Kanoe, irmã mais nova de Hinoto, e Satsuki Yatouji, um dos “sete anjos”. As duas se encontram no subsolo do Palácio do Governo. É curioso como o governo do Japão está de algum modo envolvido no assunto do fim do mundo. E o que será o recorrente “dia prometido do ano de 1999”? Lembrando que a publicação original é de 1992.

 

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2021.