APARTHEID
Local da Origem do Apartheid: África do Sul
À África do Sul foi uma região dominada por colonizadores de origem inglesa e holandesa que, após a Guerra dos Boeres (1902) passaram a definir a política de segregação racial como uma das fórmulas para manterem o domínio sobre a população nativa. Esse regime de segregação racial - conhecido como apartheid - começou a ficar definido com a decretação do Ato de Terras Nativas e as Leis do Passe.
“O Ato de Terras Nativas” forçou o negro a viver em reservas especiais, criando uma gritante desigualdade na divisão de terras do país, já que esse grupo formado por 23 milhões de pessoas ocuparia 13% do território, enquanto os outros 87% das terras seriam ocupados pelos 4,5 milhões de brancos. Peres (2003). A lei proibia que negros comprassem terras fora da área delimitada, impossibilitando-a de ascender economicamente ao mesmo tempo que garantia mão de obra barata para os latifundiários. Nas cidades eram permitidos negros que executassem trabalhos essenciais, mas que viviam em áreas isoladas (guetos).
As “Leis do Passe” obrigava os negros a apresentarem o passaporte para poderem se locomover dentro do território, para obter emprego.
A partir de 1948, quando os Afrikaaners (“brancos de origem holandesa”) através do Partido Nacional assumiram o controle hegemônico da política do país, a segregação consolidou-se com a catalogação racial de toda criança recém nascida, com a Lei de Repressão ao Comunismo e com a formação dos Bantustões em 1951, que eram uma forma de dividir os negros em comunidades independentes, ao mesmo tempo em que estimulava-se a divisão tribal, enfraquecia-se a possibilidade de guerras contra o domínio da elite branca.
Mesmo assim a organização de mobilizações das populações negras tendeu a crescer: Em 1960 cerca de 10.000 negros queimaram seus passaportes no gueto de Sharpeville e foram Violentamente reprimidos pelo governo e a elite, possivelmente branca. Peres(2003)
greves e manifestações eclodiram em todo o país, combatidas pelo o exército nas ruas.
Em 1963 Mandela foi preso e aí se deu o apoio interno e externo à luta contra o Apartheid. Se intensificaram essa luta, destacando-se a figura de: Winnie Mandela e bispo Desmond Tutu. Condenado a prisão perpétua o líder Nelson Mandela
Na década de 80 o apoio interno e externo à luta contra o Apartheid se intensificaram, destacando-se a figura de Winnie Mandela e do bispo Desmond Tutu.
A ONU, apesar de condenar o regime sul-africano, não intervém de forma efetiva, nesse sentido, o boicote realizado por grandes empresas deveu-se à propaganda contrária que o comércio realizava dentro da África do Sul.
A partir de 1989, após a ascensão de Frederick de Klerk ao poder, a elite branca começa as negociações que determinariam a legalização do CNA e de todos os grupos contrários ao apartheid e a libertação de Mandela.
Negros querem mudar nomes de cidades sul-africanas
JOHANNESBURGO, África do Sul – O apartheid se foi, mas os mapas da África do Sul ainda estão repletos de homenagens aos homens brancos, saudados como heróis pelas leis que favoreciam uma minoria no país. Na nova África do Sul, há um movimento para mudar o mapa, aposentando o tributo geográfico a um passado racista e adotando ou recuperando nomes africanos que representem a herança e a história da população nativa do país.
A capital administrativa, Pretória, recebeu o nome em homenagem a Andries Pretorius, um líder dos bôeres, os sul-africanos de origem holandesa. Não se sabe exatamente porque Johannes legou seu nome a Johannesburgo, mas é certo que ele era branco. Durban recebeu o nome de um governador britânico, Benjamin D´Urban. O governo argumenta que os sul-africanos não podem viver em cidades chamadas pelos nomes de pessoas que foram responsáveis pela sua opressão racial.
“Mesmo em lugares cujos nomes aparentemente são de origem africana, o antigo regime branco mutilou a pronúncia”, afirma Langa Mathenjwa, o presidente do Conselho Geográfico de Nomes Sul-Africanos. Um exemplo é Umbogintwini, uma pequena cidade próxima a Durban. Trata-se de uma forma adulterada de dizer o nome próprio Ezimbokodweni, que significa lugar das pedras em idioma Zulu.
“Não é apenas um modo de colocar novos nomes, mas uma forma de recuperar nomes que foram abolidos pelas leis do apharteid”, diz Mathenjwa. “Nós temos nomes nativos para esses lugares”.
CIDADE DO OURO – O conselho, um corpo consultivo criado pelo Parlamento para avaliar o assunto, elaborou uma proposta que permitirá às áreas metropolitanas mudar seus nomes, recuperando as denominações africanas abolidas pelo apartheid ou ainda escolhendo novos nomes africanos. Pretória pode ser renomeada como Tshwane e a metropolitana Johannesburgo poderá tornar-se conhecida como Egoli, a palavra Zulu para cidade do ouro.
A idéia irrita alguns sul-africanos, que consideram a proposta um desperdício de tempo e dinheiro, e enfurece a muitos brancos conservadores e adeptos da velha ordem. “Não vemos razão para mudar os antigos nomes”, diz o general Constand Viljoen, líder da ala direita do Freedom Front, um pequeno partido que representa os cidadãos de idioma africânner, o mais falado no país.
Não há meios de mudar a história. Se você tenta, o risco é seu. Mas ao mudar o nome dos locais, você está tentando destruir a história”. Viljoen afirma que os nomes africanos podem ser colocados em novos lugares, monumentos e ruas. Entretanto, James Selfe, do Partido Democrático, de oposição, integrado predominantemente por brancos, declara que não tem objeção a mudar os nomes de lugares que possuam associações negativas com as eras colonial e do apartheid.
MARKETING – “Os conselhos das cidades deveriam ter o direito de mudar seus nomes, se quiserem”, ele diz. Mas ele acrescenta que outras considerações devem ser levadas em conta, incluindo o fato de que muitas cidades têm investido grandes somas de dinheiro em marketing local, promovendo-se como destino turístico com os nomes atuais. Por esse motivo, cidades como Johannesburgo e Pretória deveriam manter seus nomes. Mas o nome das áreas metropolitanas - cidades e subúrbios - poderiam mudar. Em Cidade do Cabo, o conselho urbano decidiu há dois meses em manter o atual nome da área metropolitana.
Renome ar regiões metropolitanas será apenas o próximo passo de um amplo esforço do Congresso Nacional Africano para atirar os nomes que evocam o a história. O país removeu os vestígios da era do apartheid da nomenclatura de suas províncias, substituindo antigas denominações, em alguns casos, por nomes africanos.
A província ao redor de Johannesburgo e Pretória, o centro da economia do país, era chamado de Transvaal antes do final do apartheid em 1994. Agora é Gauteng, o que significa o local do ouro em Sotho. A região oriental da antiga Transvaal tornou-se Mpumalanga, denominação Ndebele para o lugar onde o sol nasce. Os conselhos municipais estão submetendo as propostas de mudança ao Conselho Geográfico de Nomes, para que eles verifiquem a soletração correta e certifiquem-se de que não haverá duplicidade antes de enviar a aprovação para as administrações locais.
DESAFIO – Michael Sutcliffe, presidente da comissão de demarcação responsável pela nova delimitação das áreas metropolitanas da África do Sul, declarou que as cidades não devem se apressar no processo de troca de nomes e deveriam procurar os mais significativos. Atingir esse objetivo vai ser um desafio para um país com 11 idiomas oficiais e uma história cheia de dolorosos conflitos. Até aqui, de qualquer forma, não há qualquer sinal de discórdia entre as tribos nacionais na escolha de nomes.
Geralmente, os nomes africanos encaminhados para o conselho pertencem ao idioma da tribo que possui relação com o local. Outros são nomes originais, anteriores à presença dos brancos, e alguns são ainda a forma como as pessoas se referem usualmente ao local, que acabaram substituindo os antigos nomes. Com o tempo, acreditam os membros do CNA parte da imagem da segregação vai desaparecer
partheid à lata d Guerra dos Boers
Luta entre o Reino Unido e a população bôer, descendente de colonizadores holandeses e fundadores das repúblicas independentes de Transvaal e Orange, no nordeste da África do Sul. O conflito, que dura de 1899 a 1902, inicia-se com a tentativa da Coroa britânica de anexar as duas repúblicas, ricas em jazidas de diamante, ouro e ferro. Os bôeres, que ocupam a região desde 1830, lutam para preservar sua independência. Os ingleses vêem nesse nacionalismo um perigo à dominação do Reino Unido no sul da África.
A princípio, a supremacia é dos bôeres, que começam a guerra. Invadem a colônia do Cabo, além de sitiar cidades importantes e anexar territórios ingleses. Mas, em 1902, acontece a contra-ofensiva inglesa. A superioridade britânica em homens e armamentos derrota os bôeres.
As tropas inglesas devastam e queimam propriedades ao longo da guerra. Os bôeres capturados são colocados em campos de confinamento, onde morrem cerca de 20 mil pessoas. As notícias sobre o tratamento desumano dado pelos ingleses aos prisioneiros intensificam a imagem negativa do Reino Unido perante a opinião internacional.