Amor de Mãe, Uma novela até certo ponto inovadora

Amor de Mãe

Uma novela até certo ponto inovadora

Eu sei que o foco desta coluna é falar de filmes e séries, mas não poderia deixar de falar desta bela novela de Manuela Dias, Manuela criou uma obra impar e sem paralelos na dramaturgia atual, a trama começou muito bem, era um deleite para os olhos seus primeiros capítulos, direção, fotografia, trilha sonora, cenário, figurinos e principalmente um belo elenco, muito coeso e competente, os diálogos escritos por Manuela Dias e sua equipe eram contundentes e afiados, nem parecia ser uma novela.

Uma coisa que chamou a atenção na novela é que as tramas não se alongavam, surgia um conflito aqui e mais a frente era logo resolvido e começava outro, não cansava o telespectador e dava um frescor permanente na trama, a critica especializada era unanime, todos concordavam que a Amor de Mãe era uma grata surpresa no horário nobre da Globo.

Mas nem tudo foram flores, o público começou a rejeitar a novela, alegavam que era realista demais e não tinha humor, era séria demais, então Ricardo Linhares, supervisor da trama, sugeriu a Manuela Dias algumas mudanças, a criação de um núcleo cômico envolvendo Lourdes (Regina Caze) e seus dois pretendentes, sugeriu também uma maior leveza de Lourdes na procura pelo seu filho perdido, Domenico ( Chay Suede), então sai de cena a mãe desesperada e entra em cena a mãe detetive, e deu certo a audiência começou a subir, sem perder o foco inicial.

Ao longo da trama alguns personagens mudaram, Vitória (Taís Araújo) passou de uma advogada sem escrúpulos, para uma dedicada mãe de família e esposa devotada, sem perder o foco na carreira, ao final da novela se engajou na luta de mulheres abusadas pelos parceiros. Thelma (Adriana Esteves) no inicio era uma simples dona de restaurante e uma mãe louca pelo filho, tanto que mesmo com um aneurisma, gerou o neto porque sua nora Camila (Jessica Ellen) não podia engravidar, mas depois que descobriu que Danilo, seu filho, era na Verdade Domenico, filho de Lourdes, enlouqueceu e virou uma serial killer, difícil de engolir. Ryan (Thiago Martins) também filho de Lourdes, fez de tudo para alcançar o sucesso como cantor, e quando consegue, no auge da carreira, abandona tudo, por uma dor de cotovelo e termina como motoboy de um restaurante.

Alguns personagens merecem destaque, como Raul ( Murilo Benicio) um empresário do bem, que perde um filho, mas não se deixa abater. Álvaro (Irandhir Santos) que no inicio foi vendido como anti-herói, mas na verdade foi o grande vilão. Lídia ( Malu Galli) que no inicio era a mulher traída de Raul barraqueira e alcoólatra, que amadureceu ao longo da trama, ficou centrada, amável, e teve um final feliz ao lado de Magno (Juliano Cazarre), mas para mim os grandes destaques foram, Sandro ( Humberto Carrão) que de presidiário passou a empresário ao lado do pai Raul, destaque também para Durval (Enrique Dias) ao meu ver o melhor personagem da trama, pelo menos o mais bem construído, seu jeito de falar, de andar, suas roupas, arrasaram.

Já alguns personagens desagradaram logo de cara, como Amanda (Camila Mardila) e sua luta contra Álvaro para vingar a morte do pai, não colou e ela foi logo assassinada, Vinicius ( Antônio Benicio) também não agradou e foi também assassinado para sumir da trama. Davi ( Vladmir Brichita) foi um personagem desagradável, não por culpa do ator que é ótimo, mas sua historia era chata. Camila ( Jessica Ellen) a professora de historia era insossa, dava aulas em uma escola publica e só tinha uma turma de alunos, era por demais lacradora, muito certinha, insuportável.

Eu poderia ficar aqui horas escrevendo sobre esta bela novela, mas não posso, o saldo que fica é que é possível sim, escrever histórias diferentes e que arrebatem o público e a crítica, Manuela Dias estreia com o pé direito nas novelas, porque já tinha escrito duas mini series antes, Ligações Perigosas e Justiça. E que venha logo um outro trabalho dela.

A novela pode ser vista na faixa das 21h da Globo. Nota 9/10