Eu me Importo (o filme)

Eu me importo

Dirigido por J. Blakeson, o longa-metragem deste ano da Netflix, indicado na categoria para melhor atriz no Globo de Ouro 2021, ‘Eu me importo’, narra a história de uma curadora pública que facilmente obtém da justiça a curatela de idosos ricos cujos herdeiros deixaram a desejar ou simplesmente inexistiam.

A partir da sentença favorável de um juiz (descuidado ou comprado, fica no ar, pelo menos para mim) ela passa a administrar livremente os bens da vítima com o pretexto de estar cuidando dos interesses delas.

Para compor o time no estelionato, Marla, a personagem principal, interpretada pela atriz britânica, largamente premiada e reconhecida internacionalmente, Rosamund Pike) conta com a ajuda de uma médica geriatra que lhe passa os ‘clientes’ e de uma casa de idosos de luxo que lhe confere os instrumentos necessários para completar a tramoia.

Inicialmente, talvez por causa da sinopse, tive a impressão de que sua última vítima, a única que o espectador vai conhecer, iria se safar e lhe dar um belo troco. Isso porque a sinopse dizia: “Uma golpista inveterada acha que encontrou a vítima perfeita. Só que seu erro foi mexer com a pessoa errada”, mas em seguida, quando fui pesquisar novamente alguns dados do filme, na Netflix, haviam alterado a sinopse para: “...seu erro foi mexer com alguém tão cruel quanto ela” (o que, ao meu ver, estragou a surpresa, virou quase um spoiler)

O que, entretanto, mais me chamou a atenção, foi logo no início do filme, a narração de uma mulher desafiando a quem estivesse assistindo: “Olha só vocês, aí sentados, vocês se julgam boas pessoas. Não são boas pessoas. Acreditem. Não existem pessoas boas. Eu era como vocês. Achava que trabalhar duro e jogar limpo me levaria ao sucesso e à felicidade. Que nada! Jogar limpo é uma piada. Inventada pelos ricos para manter o resto de nós pobres. E eu fui pobre. Não combina comigo. Pois há dois tipos de pessoas neste mundo. As pessoas que pegam...E as que perdem. Predadores e presas. Leões e cordeiros. Meu nome é Marla Grayson”.

E é num cenário de ação, suspense e humor negro, contando com uma excelente filmagem, que a trama se desenvolve, contando ainda com momentos líricos de carência afetiva (Peter Dinklage) e de um romance de dar inveja entre a atriz principal e sua namorada, Fran (Elza González) trazendo para a realidade a maldade salpicada de sentimento.

Mesmo que a ética não nos permita chegar ao ponto que chegaram os personagens do filme, vilões inveterados, foi interessante perceber e reconhecer a mensagem do filme. Para mim o que trouxe de mais importante, à parte as horas prazerosas de suspense e fotografia, é de que o ser humano, qualquer um de nós, possui um traço de maldade que em algum momento em nossas vidas nos leva a cometer erros. Mas não só. É que às vezes uma dose controlada disso também pode ser seu antídoto.

Kawer

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Enviado por Kawer em 26/02/2021
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