LOUVOR A ANTONIO SOARES

Live Causos de Santa Maria da Vitória - Professor Antônio Soares

Dia 23 de janeiro último houve uma live fantástica em homenagem ao grande Mestre, escritor, poeta e cronista, professor, compositor, músico instrumentalista, instrutor de música e professor, grande cidadão, grande marido, pai exemplar, avô fantástico, sogro maravilhoso. Estou falando do grande mestre Antônio Augusto Soares.

Há alguns anos, quando li uma publicação que saiu em uma revista sobre o mestre Antônio Augusto Soares, acho que postada pelo Sândalo, eu fiz um comentário de que o mestre merecia uma grande homenagem.

O mestre Antônio Augusto Soares faz parte da galeria dos imortais de Santa Maria da Vitória pelo que ele e sua maravilhosa família fizeram e ainda fazem por Santa Maria da Vitória na política, na educação, na cultura e na vida de muitos da nossa geração, da geração anterior e da atual.

Santa Maria da Vitória devia e ainda deve uma homenagem, mas coube à Biblioteca Eugênio Lyra e a Casa da Cultura Antônio Lisboa de Morais-Biblioteca Campesina, através da sua curadora Angélica Rodrigues e do coordenador Joaquim Lisboa Neto respectivamente, que a fomentou, juntamente com a família do Mestre Antônio Augusto Soares, parentes e amigos, tornando assim um evento eminentemente lídimo, poético, musical, histórico, e que me fez navegar no passado ao ver tantas pessoas que fazem parte da existência da nossa cidade, da minha existência e da existência de quase todos da nossa geração.

Assistir ao Guri tocando violino e a nossa querida e eterna professora e musa Ítala com a sanfona, ambos divinamente nos brindaram com belíssimos acordes de lindas músicas de maneira instrumental. No exórdio da live já tivemos um presente com o vídeo mostrando o mestre em uma seresta instrumental, levando-nos aos tempos idos quando ele tocava nos Magnatas e inebriava a alma da gente, com os acordes divinos, tirados pelos seus dedos mágicos. Uma raridade!

Como a homenagem é sobre o mestre Antônio Augusto Soares vou exarar alguns momentos marcantes que estão na minha memória ainda hoje.

1º momento

Foi em meados dos anos 1960. Eu brincava no quintal do colégio interno de Rosa Oliveira Magalhães com meu amigo irmão Joselito, nas escadas que ficavam no fundo do Auditório Henrique M'Call quando de repente ouvimos barulho de guitarras, baterias, sax etc. Corremos para ver do que se tratava. Eram os Magnatas ensaiando. O autodidata músico Altamiro, seu filho Miranda, Antônio Soares, o bancário músico Carvalho e Antônio Gusmão.

O ensaio foi algo encantador naquela tarde de férias letivas, e melhor ainda na apresentação à noite, tocando uma série de músicas no estilo instrumental. Lembro-me de uma das músicas tocadas naquela tarde e noite: Meu bem não me quer, solada no sax pelo Carvalho e espetacularmente acompanhado pelo Mestre, pelo Altamiro, pelo Miranda e Antônio Gusmão.

2º momento

Em 1975 eu estudava no CES, na turma do curso básico de onde sairia a primeira turma do curso Técnico de Contabilidade da escola. Havia na época um grande movimento do Grêmio Estudantil capitaneado pelo Mestre Raimundo Alcântara, através dos devaneios culturais do próprio mestre, da querida e saudosa professora Silvina, da querida e saudosa dona Nena, do saudoso Padre Augusto (falecido recentemente), da querida professora Ítala, e outros mais, inventaram de criar um coral de vozes para cantar no dia das mães.

Convidaram o mestre Antônio Augusto Soares para a árdua e causticante tarefa de ensaiar o coral. Eu digo árdua e causticante tarefa porque fazer as meninas cantarem era uma coisa facílima de mais! Agora, fazer Titinho, Saulinho, Zé Moura, Jurandy, Jaiminho, Zé Graya, Joãozinho cantarem, era algo inominável.

O mestre teve muita paciência para incutir na nossa cabeça a metrificação das músicas, tentava, tentava, tentava e perdia a calma e a paciência. Mas quando Novais em um dado momento resolveu imitar um cantor lírico italiano que esteve em Santa Maria, inclusive com o sotaque italiano do cantor, o mestre, com a calma que lhe era peculiar, falou que o trabalho era sério e não uma brincadeira e saiu da sala de aula.

A partir daí, cada professor que adentrava a sala de aula, embora o padre Augusto fosse o único religioso em atividade na escola, todos resolveram dar um sermão para a gente. Só a partir dos sermões é que sentimos a gravidade do fato em si.

O mestre Raimundo, lembro-me como se fosse hoje, entrou, fez a chamada, pegou um giz e escreveu no quadro a letra da música, Folia de Reis com Baiano e Novos Caetanos (Arnaud Rodrigues e Chico Anysio), pediu que a copiássemos, fez a gente cantar e disse que a música seria inclusa no repertório do coral e que iria assistir a apresentação no domingo do dia das mães. Captamos o recado.

A professora Ítala também incluiu a música Alecrim Dourado, por sugestão da querida professora Arturzita. Inicialmente seriam só as músicas do Padre Zezinho, mas como castigo incluíram mais músicas. O mestre retornou aos ensaios, e com muito esforço cantamos na celebração do dia das mães, no segundo domingo de maio de 1975.

3º momento

Venho aqui ratificar o que o Kynkas, Joaquim Lisboa Neto disse sobre ter aulas de matemática com o Mestre Antônio Soares. Ele foi nosso professo no curso técnico, de matemática financeira. Hoje se fala muito em interdisciplinaridade na educação E já em 1976 o mestre dava aulas de matemática navegando em história, literatura, música, política, causos e isto tornava a aula muito interessante e leve. Aprendi matemática financeira com ele, a única matemática que aprendi até hoje.

Ver o Guri, o Cleômenes dando depoimento com muita emoção, a Ítala e a Dina cujas belezas o tempo não consegue tirar, A Lila dando depoimento emocionada sobre o pai (Lila foi minha aluna no CES) o Luciano ( filho caçula de Tito Lívio) o depoimento do Sândalo, a Grazielle declamando, acho que a esposa de Guri narrando o acervo do mestre composto de vários tipos de instrumentos , objetos pessoais, encheu-me os olhos.

O depoimento também emocionante do Tito Lívio, que eu admiro demais, por causa de um fato erroneamente atribuído a mim em 1976, e contra tudo e contra todos, ele insistia em conceder a bolsa de estudo para mim, mas que acabou capitulando pela pressão dos correligionários e não concedeu.

. Eu soube através de um amigo particular de dona Lindaura, e a partir deste fato passei a admirar o Tito Lívio mais ainda. Por isso que eu em uma crônica chamei a Família Soares de Família nobre.

Laudo a iniciativa da Angélica em fazer esta live! Laudo a participação do Joaquim Lisboa Neto como representante da Família Lisboa! Laudo a participação do Ademazinho, parceiro do Edgarzinho! Laudo todos os participantes da família que embelezaram esta live!

Muito bacana á apresentação do acervo do Mestre Antônio Soares, com textos escritos com sua caligrafia, suas partituras, seus instrumentos musicais, outros objetos inéditos e desconhecidos por muitos de nós, mais a sua bela família edificada com dona Edna, a doce Edna, uma mulher cândida, mostra a trajetória de um grande homem que não só passa pela vida, mas deixa a sua memória gravada na galeria dos imortais.

Antônio Poesia Augusto Musical eterno Soares, quem na verdade recebeu uma grande homenagem e presente, foi Santa Maria da Vitória com a sua chegada e a sua família concebida que enriqueceu e enriquece a nossa sociedade da cidade riso.

Aos participantes familiares e amigos, Angélica da Biblioteca Eugênio Lyra, Joaquim Lisboa Neto da Casa da Cultura Antônio Lisboa de Morais-Biblioteca Campesina, meu muito obrigado pela live. Neste momento tão difícil de pandemia, funcionou como um tônico para alma e a memória.

MUITO OBRIGADO.

Texto revisado por Joaquim Lisboa neto