O cair da noite, um asimoviano

"O cair da noite", por mim lido no número 15 da Isaac Asimov Magazine (Editora Record, Rio de Janeiro, sem data), é citado às vezes como o mais célebre conto de Asimov. É imaginativo, sem dúvida. O autor, russo radicado nos Estados Unidos, é um dos nomes mais conhecidos da ficção científica do século 20.
A trama se passa num planeta situado num sistema solar múltiplo. Curiosamente o ambiente é tipicamente norte-americano, mas a Terra sequer é conhecida.
O planeta da história move-se num sistema de seis sóis. Quando a mecânica celeste leva ao eclipse total (uma vez a cada 2049 anos), a civilização acaba num frenesim de incêndio e loucura geral.
"Por que a escuridão me deixaria louco?", pergunta o repórter Theremon 762 em sua longa discussão com o cientista Anton 77. A argumentação é inteligente e prolongada. Por efeito da luminosidade dos seis sóis, as estrelas não são vistas nem conhecidas. Certo, os seis sóis são estrelas, mas estrelas do sistema, como o nosso Sol, aparecem mais luminosas. Nesse planeta o céu noturno estrelado não pode ser visto porque não existe noite. Mas a chegada do desastre inevitável é precedida de uma pontuação de suspense que revela a maestria de Isaac Asimov.
Uma história marcante e de sutil horror.

Rio de Janeiro, 1/1/2021.