Tempo Histórico

O conceito daquele tempo que, normalmente, consideramos como único, mesmo que não universal, perpassa por conceituação mais edificada do que se confere em relógio. O tempo, mesmo aquele por nós mensurado, não possui fácil entendimento. Abstraimos dele, portanto, noções de sua passagem de modo que consigamos organizar nossa rotina. Eis o tempo histórico.

A vaga ideia que aprendemos na escola, de que uma linha unifica milhares de anos em torno de uma explicação didática afim de facilitar a aprendizagem do processo histórico é, na realidade uma micro noção temporal que confere características de continuidade, por isso, a linha do tempo. Porém, está longe de ser a única maneira de compreendermos a História.

As diversas características que durante a escola, nos manuais/livros didáticos, se encontram mal divididas em subtopicos nos capítulos à respeito das civilizações como: política, economia e sociedade, representam ramificações que estão diretamente ligadas ao eixo, conceito que trabalhei no livro, "Árvore: uma perspectiva historiográfica ", escrito no presente ano.

Fundamentada na interdisciplinaridade, característica da terceira geração do movimento dos Annales (1929-1989), o livro traz um enfoque mais direcionado à compreensão da relação interdisciplinar, inclusive do próprio tempo, portanto, uma crítica à soberania do uso da linha do tempo como metodologia pedagógica do ensino de História.

Assim, o tempo reúne em torno diversas perspectivas que tem como objetivo diversificar o olhar teórico acerca do mesmo.

Portanto, como as ciências humanas, compreender o tempo histórico não requer uma teoria "totalizante ", apenas demonstrar que os estudos a respeito do mesmo se transformam conforme sua passagem o que, de certa maneira, direcionam a si o "controle" sobre como nós devemos concebê-lo.

Marcel Franco Lopes

Historiador (ANPUH-PR)

Flashes & Memórias