MODERNISMO PÓS - LITERATURA BRASILEIRA - Geração de 45

Nasceu a 13 Junho 1888

(Lisboa, Portugal)

Morreu em 30 Novembro 1935

(Lisboa)

Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português.

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Odes de Ricardo Reis

PARA SER GRANDE, SÊ INTEIRO: NADA

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

99999999999999999999999999

Daniela Diana

Professora licenciada em Letras

A Geração de 45 representou um grupo de literatos brasileiros da terceira geração modernista.

Ela surgiu com a "Revista Orfeu" (1947)

e teve representantes tanto na prosa quanto na poesia.

Contexto Histórico

A Segunda Guerra Mundial ocorreu entre 1939 a 1945. Portanto, a geração de 45 marca o início da Guerra Fria, da corrida armamentista, bem como o fim da segunda guerra e de muitos governos totalitários, do qual se destaca o nazismo alemão.

No Brasil, o período foi da redemocratização do país e a Era Vargas. Com Getúlio Vargas no poder, essa fase seria marcada pela repressão, censura e a ditadura que avançava.

O movimento moderno das artes buscava criticar a sociedade, ao mesmo tempo que se distanciava da arte acadêmica. Isso, deu lugar ao folclore, aos regionalismos, aos múltiplos subjetivismos, dentre outros.

Foi nesse contexto, que os escritores da terceira fase modernista produziram suas obras.

Resumo

O modernismo foi um movimento artístico e cultural que surgiu no século XIX, no entanto, no Brasil iniciou-se com a Semana de Arte Moderna, em 1922.

Por ser um longo período que abriga diversos autores e estilos, o Modernismo no Brasil está dividido em três fases:

A Primeira Fase Modernista, conhecida como “fase heroica” começa em 1922 e vai até 1930. Foi marcada pelo radicalismo, inspirado nas vanguardas europeias.

Nesse momento surgiram vários grupos modernistas: Pau-Brasil (1924-1925), Verde-amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929), Manifesto Regionalista (1926) e Movimento Antropófago (1928-1929)

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Na Segunda Fase Modernista (1930-1945), conhecida como “Fase de Consolidação” o movimento foi marcado pelo nacionalismo e regionalismo com predomínio da “prosa de ficção”.

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A Geração de 45, no contexto da Terceira Fase Modernista (1945-1980), já inclui aspectos pós-modernos. Por isso é também chamada de “Fase Pós-Moderna”, com rupturas entre a primeira e a segunda fase.

Assim, fica claro, que a ideia inicial difundida pelos Modernistas de 22, vinha sofrendo mudanças com o passar do tempo.

De tal modo, a geração de 45 reuniu artistas preocupados em buscar uma nova expressão literária, por meio da experimentação e inovações estéticas, temáticas e linguísticas.

A Geração de 45 representou uma arte mais preocupada com a palavra e a forma - no caso de João Cabral e Guimarães Rosa - ao mesmo tempo que explorava assuntos essencialmente humanos, como na obra de Clarice.

Tanto a prosa quanto a poesia foram exploradas nesse período, no entanto, de maneira mais intimista, regionalista e urbana. Além da poesia intimista, merece destaque a prosa urbana, a prosa intimista e a prosa regionalista.

Leia mais:

Modernismo no Brasil

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Terceira Geração Modernista

Principais Escritores e Obras

No Brasil, os literatos de destaque na Geração de 45 foram:

João Guimarães Rosa (1908-1967)

Com sua prosa regionalista, destaca-se o “Grande Sertão Veredas” (1956). Nela, o poeta recria os costumes do sertanejo e a fala dos personagens por meio da linguagem regionalista, popular e coloquial.

“Diadorim e eu, nós dois. A gente dava passeios. Com assim, a gente se diferenciava dos outros - porque jagunço não é muito de conversa continuada nem de amizades estreitas: a bem eles se misturam e desmisturam, de acaso, mas cada um é feito um por si. De nós dois juntos, ninguém nada não falava. Tinham a boa prudência. Dissesse um, caçoasse, digo -podia morrer. Se acostumavam de ver a gente parmente. Que nem mais maldavam. E estávamos conversando, perto do rego -bicame de velha fazenda, onde o agrião dá flor. Desse lusfús, ia escurecendo. Diadorim acendeu um foguinho, eu fui buscar sabugos. Mariposas passavam muitas, por entre as nossas caras, e besouros graúdos esbarravam. Puxava uma bris-brisa. O ianso do vento revinha com o cheiro de alguma chuva perto. E o chiim dos grilos ajuntava o campo, aos quadrados. Por mim, só, de tantas minúcias, não era o capaz de me alembrar, não sou de à parada pouca coisa; mas a saudade me alembra. Que se hoje fosse. Diadorim me pôs o rastro dele para sempre em todas essas quisquilhas da natureza. Sei como sei. Som como os sapos sorumbavam. Diadorim, duro sério, tão bonito, no relume das brasas.” (Trecho da obra "Grande Sertão: Veredas")

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João Cabral de Melo Neto (1920-1999)

Considerado o "poeta engenheiro", João Cabral foi um dos mais proeminentes autores da Geração de 45. Como um engenheiro, sua obra foi construída de maneira racional e equilibrada.

Grande destaque na poesia, sua obra mais emblemática é “Morte e Vida Severina” (1955) com temática nordestina. Nela, o autor faz uma crítica social sobre os problemas vividos pelos retirantes no interior do nordeste.

— O meu nome é Severino,

como não tenho outro de pia.

Como há muitos Severinos,

que é santo de romaria,

deram então de me chamar

Severino de Maria;

como há muitos Severinos

com mães chamadas Maria,

fiquei sendo o da Maria

do finado Zacarias.

Mais isso ainda diz pouco:

há muitos na freguesia,

por causa de um coronel

que se chamou Zacarias

e que foi o mais antigo

senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo

ora a Vossas Senhorias?

Vejamos: é o Severino

da Maria do Zacarias,

lá da serra da Costela,

limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:

se ao menos mais cinco havia

com nome de Severino

filhos de tantas Marias

mulheres de outros tantos,

já finados, Zacarias,

vivendo na mesma serra

magra e ossuda em que eu vivia.

(Trecho da obra "Morte e Vida Severina")

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Clarice Lispector (1920-1977)

Com sua literatura intimista, a produção de Clarice é marcada por obras introspectivas de caráter psicológico e subjetivo. Destaca-se “A Hora da Estrela” (1977), última obra produzida pela escritora.

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Que ninguém se engane, só consigo a simplicidade através de muito trabalho.

Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. Deus é o mundo. A verdade é sempre um contato interior inexplicável. A minha vida a mais verdadeira é irreconhecível, extremamente interior e não tem uma só palavra que a signifique. Meu coração se esvaziou de todo desejo e reduz-se ao próprio último ou primeiro pulsar. A dor de dentes que perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa. Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente – é a minha própria dor, eu que carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. (Trecho da obra "A Hora da Estrela")

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Leia também:

Poesia Intimista

Prosa Intimista

A Linguagem do Modernismo

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A lírica e teoria da história

Lírica era um gênero poético, cujo traço a melodia. A música era divina como criação do espírito, um meio de alcançar a perfeição. A música e a poesia elevavam o homem ao Olimpo como um modo moral - o Ethos: corpo e alma se embalam ao ritmo da lira:os ritmos sensuais, religiosos, guerreiros, criativo (Filme: Narrativas de Nárnia)

Surge a tradição: teatro, música e declamação nos cantos e poesia: melodias-padrão, tragédias cantadas. Era o apogeu da civilização helênica (séc. VI ao IV a.C.).

Com a conquista da Grécia pelos romanos, a lírica foi apropriada em

outro contexto.

http://5f-egito-mitologia-religiosidade.blogspot.com/2009_05_01_archive.html, disponível no google, às 21;05

Trovadorismo

Symphonia da Cantiga 160, Cantigas de Santa Maria de Afonso X, o Sábio - Códice do Escorial. (1221-1284).

Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa com Portugal Independente (séc. XII).

A lírica medieval galaico-português possuiu características próprias...

Classificação das cantigas:

A cantiga de amor

A cantiga de amigo

A cantiga de escárnio

A cantiga de maldizer

Os trovadores medievais escreviam em pergaminhos, por exemplo, em pergaminho Vindel

Quatro teses fundamentais da origem(cânon em formação?) dessa poesia:

a tese arábica,

a tese folclórica

a tese médio-latinista, ,

a tese litúrgica (tradição litúrgico-cristã)

OBS: As teses são insuficiente em si mesma.

Trovador mais antigo:João Soares de Paiva ou João Soares de Pávia, composta provavelmente por volta do ano 1200: "Ora faz host'o senhor de Navarra",

Paio Soares de Taveirós:"Cantiga de Guarvaia" ou "Cantiga da Ribeirinha" por ter sido dedicada à Dona Maria Paes Ribeiro, a ribeirinha.,

Conde D. Pedro, Conde de Barcelos,D. Pedro de Barcelos, filho primogênito bastardo de D. Dinis, compilador das cantigas ("Livro das Cantigas" para o sobrinho, D.Afonso XI de Castela)

O teocentrismo estruturava a cantiga de amigo, cujo amor era espiritual e inatingível.

As cantigas,tornaram-se coletâneas de canções ou Cancioneiros (livros de trovas).

Três Cancioneiros galego-portugueses: o "Cancioneiro da Ajuda", o "Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa" (Colocci-Brancutti) e o "Cancioneiro da Vaticana".

Mais cantigas à Virgem Maria, do rei Afonso X de Leão e Castela;prosa de cronistas como Rui de Pina, Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara e as novelas de cavalaria (a demanda do Santo Graal).

A cantiga de amor

O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível.

Origem em Provença, no sul de França, o eu-lírico é masculino e sofredor. Sua amada é chamada de senhor (ou pastor; porque, em galego-português, não habia o feminino).

Canta as qualidades de seu amor, a "minha senhor", a quem ele trata como superior revelando sua condição hierárquica. Ele canta a dor de amar e está sempre acometido da "coita", palavra frequente nas cantigas de amor que significa "sofrimento por amor". À sua amada se submete e "presta serviço", por isso espera benefício (o bem nas trovas).

Essa relação amorosa vertical é chamada "vassalagem amorosa", pois reproduz as relações dos vassalos com os seus senhores feudais. (patriarcal e teológica...)

São tipos de Cantiga de Amor: -Cantiga de Meestria: sem refrão, nem estribilho, nem repetições

-Cantiga de Tense ou Tensão: diálogo entre cavaleiros em tom de desafio. Gira em torno da mesma mulher.

-Cantiga de Pastorela: trata do amor entre pastores (plebeus) ou por uma pastora (plebéia).

-Cantiga de Plang: cantiga de amor repleta de lamentos.

Ex: lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):

"A dona que eu am'e tenho por Senhor

amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,

se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus

e porque choran sempr(e) amostrade-me-a

Deus,

se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer

de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,

se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,

mostrade-me-a algo possa con ela falar,

se non dade-me-a morte."

Ex: lírica galego-portuguesa (de Bernal de Bonaval):

"A dona que eu am'e tenho por Senhor

amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,

se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus

e porque choran sempr(e) amostrade-me-a

Deus,

se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer

de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,

se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,

mostrade-me-a algo possa con ela falar,

se non dade-me-a morte."

* Amor cortês; vassalagem amorosa.

* Amor aristocrático das cortes.

* com influência provençal.

* Vassalagem amorosa "o eu lírico usa o pronome de tratamento "senhora".

A cantiga de amigo

origem popular (marcas da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho),

Facil à memorização.

o eu-lírico é uma mulher (o autor era masculino), que canta seu amor pelo amigo (namorado), em diálogo com sua mãe ou suas amigas.

A jovem se inicia no amor, lamenta a ausência do amado (guerras) ou canta sua alegria pelo encontro.

não há a relação Suserano x Vassalo, ela é uma mulher do povo.

Ex: D. Dinis – cantiga de amigo

"Ai flores, ai flores do verde pino,

se sabedes novas do meu amigo!

ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,

se sabedes novas do meu amado!

ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,

aquel que mentiu do que pôs comigo!

ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,

aquel que mentiu do que mi há jurado!

ai Deus, e u é?"

* Eu lírico feminino.

* Presença de paralelismos.

* Predomínio da musicalidade.

* Assunto Principal: o lamento da moça cujo namorado partiu.

* Amor natural e espontâneo.

* Amor possível.

* Ambientação popular rural ou urbana.

* Influência da tradição oral ibérica.

* Deus é o elemento mais importante do poema.

* Pouca subjetividade.

A cantiga de escárnio

o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa.

trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, os "equívoco".

O cômico verbal, dependente do emprego de recursos retóricos.

A cantiga de escárnio exigindo unicamente a alusão indireta e velada, para que o destinatário não seja reconhecido, estimula a imaginação do poeta e sugere-lhe uma expressão irônica, embora, por vezes, bastante mordaz. Exemplo de cantiga de escárnio.

Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia! (…)

satirizada não é identificada.

* Linguagem trabalhada, cheia de sutilezas, trocadilho e ambiguidades

* Ironia

https://www.todamateria.com.br/geracao-de-45/
Enviado por J B Pereira em 07/08/2020
Reeditado em 07/08/2020
Código do texto: T7029286
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